Tzipi Livni inicia negociações para novo governo de Israel

A chanceler de Israel, Tzipi Livni, começou nesta quinta-feira (18) as negociações para formar um novo governo e se transformar na segunda mulher primeira-ministra do país, depois de ser declarada oficialmente a vencedora das prévias do partido Kadima.

Com uma margem de votos inferior ao anunciado quarta-feira à noite na boca de urna (43,1 por cento), o partido dirigente declarou Livni vencedora, considerada inexperiente militarmente, aspecto chave na mentalidade judia para conduzir o conflito com os vizinhos árabes.



A sucessora de Ehud Olmert à frente do maior agrupamento hebraico deverá agora negociar com as outras forças dentro da coalizão governamental para cumprir seu desejo de “formar um novo executivo o mais rápido possível”.



No entanto, o ainda premiê Olmert se manterá no poder enquanto durem as negociações para a formação de um novo gabinete, para o qual Livni terá um máximo de 42 dias ou, caso contrário, ver-se-á obrigada a convocar a eleições.



“Nosso dever, não só como visão do partido Kadima, é criar uma estabilidade e como governo de Israel devemos enfrentar as ameaças e desenvolver oportunidades num meio com instabilidade econômica”, declarou pouco depois de sua vitória.



Ainda que perfis biográficos asseguram que ela se nega a ser comparada com Golda Meir, a primeira-ministra israelense de 1968 a 1974, Livni chegará à chefatura do Governo depois de passar pela Chancelaria, assim como ocorreu com a falecida líder do Partido Trabalhista.



A mídia local a define como “pragmática” no tema palestino, pois como chefa da equipe israelense de negociações com a Autoridade Nacional Palestina (ANP) desde 2007, defende a criação de um estado independente para esse povo, ainda que com condições.



Desde que entrou no Kadima em 2005, depois de sair da coalizão de direita Likud, defendeu separar Israel dos palestinos e defendeu a fórmula de “dois estados para dois povos”, no lugar do “estado binacional” estimulado por outros.



“As negociações representam em primeiro lugar os interesses de Israel. Não são um favor que fazemos aos palestinos”, esclareceu numa recente entrevista ao aludir a um balanço demográfico favorável aos árabes.



De fato, na parte hebréia de Jerusalém escutaram-se opiniões divergentes sobre seu triunfo, pois uma jovem considerou difícil o desafio, sobretudo por sua condição de mulher, enquanto outro homem reprovou sua falta de experiência militar.



Nos territórios ocupados da Cisjordânia, a vitória de quem declarou publicamente sua identidade com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, suscitou indiferença por se tratar de “uma mesma política com diferente rosto”.



“Os israelenses estão fazendo o mesmo desde 1948”, comentou outro entrevistado por um canal televisivo.



A nível mais oficial, enquanto a ANP mostrou satisfação na Cisjordânia pela vitória, o movimento islâmico Hamas declarou em Gaza que “a chegada de Livni significaria a continuação da mesma política de repressão e de agressão contra o povo palestino”.