Presidente aumenta crise política na Ucrânia

Após enterrar a coalizão de maioria parlamentar, o presidente ucraniano, Viktor Iuchtchenko, acusou nesta quarta-feira (17) em Kyiv a primeira ministra Iúlia Timoshenko de “egoísmo” e “traição” aos interesses nacionais.

O grupo majoritário na Verhovna Rada (o nome em ucraniano do Conselho Supremo), integrado pelos grupos Nossa Ucrânia, Autodefesa Popular e o bloco Timoshenko cessou ontem sua existência, iniciada em junho de 2006, depois das fracassadas tentativas de negociar a entrada de outros agrupamentos políticos.



O grupo Nossa Ucrânia, aliada de Iuchtchenko, enterrou todas as possibilidades de negociação ao condicionar seu retorno à coalizão aos seus antigos sócios da chamada revolução laranja (2004), o bloco de Timoshenko.



Em declarações à imprensa estrangeira, Iuchtchenko assegurou que a crise, outra mais no âmbito interno desde sua chegada ao poder em 2005, não ameaça o desenvolvimento da democracia no país.



“Meus antigos aliados elegeram o que consideram para eles o mais importante e não precisamente as prioridades nacionais”, alegou o dirigente ao reiterar as acusações contra a chefa de Gabinete, numa séria disputa com o governante pelo poder.



Sobre as perspectivas de uma saída à crise parlamentar, o presidente do Centro de Investigações Políticas de Kiev, Mikhail Pogrebinski, previu brevemente um anúncio de uma nova coalizão entre o bloco de Timoshenko e o Partido das Regiões.



Na opinião do especialista ucraniano, apesar das evidentes discrepâncias na concepção de desenvolvimento do país e nos planos pessoais, Timoshenko e Viktor Ianukovitch não têm outra opção que negociar.



Reiterou que tal fórmula de consenso é o único caminho para resolver a séria crise política que afeta a Ucrânia e socava o parlamentarismo.



Pogrebinski deu como bastante provável um acordo entre Timoshenko e Ianukovitch para a conformação de um governo e uma aliança no Conselho Supremo. “Outra saída carece de sentido para Ucrânia”, destacou.



O titular do Conselho, Arseni Iatsieniúk, anunciou ontem durante a sessão ordinária do parlamento que a coalizão laranja deixava de funcionar.



Agregou que ante tais circunstâncias estaria disposto a depor o cargo e solicitou aos deputados achar outra candidatura.



Iatsieniúk ao mesmo tempo instou Timoshenko a abandonar o cargo de premiê.



Em resposta dada à mída, a chefe do Executivo disse que seu governo trabalhará por longo tempo “apesar da tempestade em um copo de água”, em alusão à crise política do país.