UFMG contesta Lacerda e inicia obras do BHTec
Um dia depois da publicação das críticas do candidato a prefeito de BH, Marcio Lacerda (PSB/PT), ao projeto de criação do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BHTec), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) rebateu o empresário de forma prática,
Publicado 23/09/2008 15:56 | Editado 04/03/2020 16:51
Em decorrência da aprovação do processo de licenciamento ambiental pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam), as obras de edificação da área administrativa do empreendimento, orçadas em R$ 17,5 milhões, tiveram início ontem. Na entrevista, concedida ao HOJE EM DIA, Lacerda apontou “falta de gestão” e “uso incorreto” dos recursos, oriundos da prefeitura e do Governo de Estado. Prefeitura e Governo não comentaram as declarações do candidato, que causram desconforto na universidade
As discussões para a implantação do parque tecnológico começaram há dez anos. Porém, a assinatura do convênio entre Estado e prefeitura, além da UFMG, que cedeu o terreno de 535.008 mil metros quadrados, na Região Norte da capital mineira, sendo que 185.008 mil metros quadrados serão destinados à construção dos prédios, uma vez que 65% da área é classificada de preservação, ocorreu apenas em 2005. Na entrevista, Lacerda disse que a demora para se viabilizar o projeto, devia-se, principalmente, à “oposição ideológica” existente dentro da instituição. Lacerda fez parte do conselho gestor em nome da Federação das Indústrias de Minas Gerais.
O diretor-presidente do BHTec, professor Clélio Campolina, lemberou que, nos últimos meses, Estado, prefeitura e UFMG trabalharam para romper os “obstáculos formais”, necessários para a implantação do projeto, como licenças ambientais, registro do terreno e o parcelamento das terras como prevê o plano urbanístico da cidade. ½O candidato está desinformado. Teve mesmo um pequeno atraso na execução do cronograma. Agora, isso não tem nada a ver com oposição ideológica. Pelo contrário. A universidade é um espaço livre para a discussão de idéias. E não seria diferente. Afinal, vivemos num regime democrático”, disse.
A intenção do BHTec é reunir empresas dedicadas a produzir novas tecnologias, laboratórios de pesquisa de instituições públicas e privadas e serviços de apoio às atividades tecnológicas. Para os especialistas, a construção do empreendimento é considerada estratégica para lançar novas bases para a geração de emprego e renda no Estado, a partir da produção de tecnologia avançada.
Em suas críticas, Lacerda afirmou que nenhuma empresa se interessaria em investir no parque, já que não poderiam aplicar “comercialmente” suas pesquisas, uma vez que o “controle” do empreendimento ficará nas mãos da UFMG. “O BHTec destina-se à pesquisa limpa e não ao uso industrial pelas limitações da própria área. Agora, a empresa vai materializar seu objeto de pesquisa através da aplicação produtiva”, garantiu Campolina, ressaltando que existem diversas “manifestações” de empresas interessadas em fazer parte do parque.
O parque vai receber, para a etapa que se iniciou ontem, investimento de cerca de R$ 6,5 milhões que já foram liberados pelo Governo do Estado. O restante faz parte do Orçamento do Estado. A previsão é de que as obras sejam concluídas em um ano e meio. Segundo Lacerda, outro motivo da demora pela implantação da obra, é que os gestores do projeto “sumiram” com os recursos nas “viagens” ao exterior.
De acordo com Campolina, as contas do parque foram aprovadas pelos conselhos Fiscal e Curador, formado por membros da UFMG, Estado e prefeitura. “As prestações de contas estão aí para todo mundo ver. E, em relação às viagens, na minha opinião, foram menos do que deviam. Afinal, precisamos conhecer as experiências de fora se quisermos um padrão de qualidade internacional”, afirmou Campolina.
Fonte: Jornal Hoje em Dia