Comunidades de 13 municípios do Ceará ainda dependem de carros-pipa

Baldes e camburões à espera da chegada do carro-pipa. O agricultor Miguel Alves da Silva, 73, enfileira os depósitos em frente de sua casa na localidade de Camboapina, em Caridade, no Sertão de Canindé, e só sai do alpendre quando vê que tem água suficiente para passar a semana. Há poços profundos em Camboapina, mas seu Miguel diz que a água é salgada. O mesmo ocorre no distrito de Salgado, pertinho de onde ele mora. As comunidades dessa área rural do município de Caridade dependem da água transportada em caminhões contratados pelo Ministério da Defesa.

Segundo a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, além de Caridade, mais 12 municípios cearenses estão sendo atendidos, desde o ano passado, por carros-pipa, a cargo do Exército Brasileiro. São eles: Barreira, Boa Viagem, Canindé, Capistrano, Choró, General Sampaio, Itapiúna, Milhão, Ocara, Quixadá, Russas e Tejussuoca. “Faz 30 anos que moro em Caridade e sempre tive dificuldades de água. As cacimbas têm água salgada e até o riacho do Mel é salgado. Não presta nem pra dar de beber aos animais”, lamenta seu Miguel da Silva, que é pai de 14 filhos. Atualmente, 10 pessoas moram em sua casa.

Como seu Miguel, o agricultor Cristóvão Alves de Lima diz que em várias localidades de Russas, na Região Jaguaribana, as famílias só bebem da água transportada pelos carros-pipa. “No Junco, a gente tem muitas cisternas de placas para guardar a água da chuva. O inverno foi regular na nossa região, mas, em alguns distritos, não choveu o suficiente e o carro-pipa é a salvação”. Ele cita, por exemplo, localidades como Bananeira e Capim Grosso. “Muitas famílias não têm transporte (um jumento, uma carroça) para pegar água distante e esperam mesmo é pela passagem dos carros-pipa”, informa.

No assentamento Todos os Santos, a 32 quilômetros do centro de Canindé, as famílias também enfrentam dificuldades para conseguir água potável. “Desde o ano passado que elas são atendidas pelo programa de distribuição de água através de carros-pipa”, informa o presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Canindé, José Tomé da Cruz Almeida. Ele diz que a quadra invernosa não foi muito favorável para a agricultura da região. “Um mês choveu bastante e, no outro, a chuva não apareceu. Então prejudicou muita gente”.

No município de Quixadá, no Sertão Central, há localidades como Café Campestre, a 12 quilômetros da sede, em que as 80 famílias dependem exclusivamente da água transportada pelos carros-pipa. O agricultor Agostinho Oliveira diz que a água das cacimbas não é boa para o consumo. “Tem o açude Boa Vista, mas não dá para beber. Só para tomar banho, lavar roupas e, em último caso, para os animais”, completa.

SERVIÇO

Mais informações pelo telefone sobre o abastecimento de carros-pipa no Ceará pelo Exército Brasileiro através do telefone: (85)3255 1642, da 10ª Região Militar