Lei Seca no Ceará tem resultado melhor do que a média nacional
Ceará conseguiu manter a redução do número de acidentes fatais após os três primeiros meses de vigência da Lei Seca. Na média do País, o número de mortes caiu mais em junho e julho. No Estado, a diminuição de acidentes com mortes permaneceu em 14%
Publicado 25/09/2008 09:54 | Editado 04/03/2020 16:36
A Lei Seca prossegue dando bons resultados ao Ceará. O Estado tem conseguido números melhores se comparado aos do Brasil. Nos três primeiros meses de vigência da lei, o Ceará sustentou a redução do número de acidentes fatais. Na média do País, houve tendência de queda de mortes em acidentes entre os dois primeiros meses (junho e julho) e os dois mais recentes (agosto e setembro). Ou seja, os números caíram mais no começo da vigência da lei. Foram 13,6%, entre 20 de junho a 20 de agosto, para 8% na comparação com o período de 20 de junho a 20 de setembro. No Ceará, a diminuição de acidentes com mortes permaneceu em 14% nos dois períodos. Os dados são da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Para o inspetor Darlan Antares, chefe do Núcleo de Comunicação Social da PRF/CE, o Estado manteve a redução – diferente da média nacional – pelo fato de ter menos estrada. “Temos 1.790 quilômetros de rodovias fiscalizadas pela PRF. Em Minas Gerais, por exemplo, são 9 mil quilômetros. É muito maior. A tendência é baixar a média nacional”, diz. No País, a justificativa para a queda no número de mortes é que a fiscalização nos municípios do interior é menor.
Darlan Antares diz que a redução deve continuar, devido ao investimento na fiscalização no Interior. “Estamos esperando 14 bafômetros até o fim do ano. Isso vai intensificar nosso trabalho nos outros municípios”, completa. No Estado, o total de acidentes registrados nos três primeiros meses de vigência da lei aumentou 7%.
Regis Tavares, engenheiro de trânsito e pesquisador da Universidade Federal do Ceará (UFC), diz que a diminuição dos acidentes já é uma tendência. “Essa queda é extremamente natural. Já há uma tendência a um patamar mais estável. Eventualmente, vai cair no Estado também, porque existe um momento de estabilização. As pessoas passam a respeitar mais”, explica. No Ceará, os acidentes têm-se mantido por causa das muitas operações de fiscalização ocorridas, diz Regis.
O engenheiro destaca que os órgãos de trânsito cearenses estavam mais preparados do que em outros estados. Alguns já dispunham, mesmo antes da Lei Seca, do equipamento básico para a fiscalização – o bafômetro. “A fiscalização tem sido intensa desde o início e os órgãos têm conseguido manter isso”, diz. O que não pode haver, no entanto, é acomodação, alerta Regis Tavares. A preocupação é para que os cuidados não diminuam – nem por parte dos órgãos de trânsito nem por parte dos motoristas.
Algo semelhante ocorreu com o cinto de segurança, relembra o pesquisador. Depois que o uso do equipamento passou a ser obrigatório também nas áreas urbanas (e não somente em rodovias), a ação dos órgãos de trânsito ficou mais rígida. “As pessoas passaram a usar e a fiscalização afrouxou. Tanto que hoje os passageiros do banco traseiro não usam. A fiscalização não podia ter perdido sua intensidade”, enfatiza. Resta esperar que os órgãos de trânsito não percam o fôlego da vigilância.
SAIBA MAIS
NÚMEROS DO CEARÁ NOS TRÊS PRIMEIROS MESES
20/6 a 20/9 2008
611 acidentes (+7%)
419 feridos (-1%)
50 mortes (-14%)
2007
568 acidentes
423 feridos
57 mortes
DOIS PRIMEIROS MESES
20/6 a 20/8
2008
392 acidentes
284 feridos (-1%)
35 mortes (-14%)
2007
393 acidentes
289 feridos
40 mortes
MÊS A MÊS
20/6 a 20/7 2008
183 acidentes (-19%)
135 feridos (+14%)
20 mortos (-5%)
2007
219 acidentes
154 feridos
21 mortes
20/7 a 20/8 2008
209 acidentes (+17%)
149 feridos (+10%)
15 mortes (-26%)
2007
174 acidentes
135 feridos
19 mortes
20/8 a 20/9 2008
235 acidentes (+20%)
144 feridos (+8%)
15 mortes (-25%)
2007
189 acidentes
133 feridos
20 mortes
FONTE: Polícia Rodoviária Federal (PRF)/CE