Iraque pagará conta de mercenários financiados pelos EUA

O governo do Iraque anunciou nessa quarta-feira (1.º/10) que assumirá o pagamento salarial de 54 mil membros dos Conselhos Sahwa (Despertar), grupos sunitas armados e financiados até agora pelos Estados Unidos para combater a resistência.

Fontes do executivo do premiê iraquiano, Nouri Al-Maliki, apontaram que a retribuição de emolumentos se fará efetiva a partir de quinta-feira para 54 mil homens, ainda que no país operem cerca de 100 mil milicianos com salário das tropas ocupantes norte-americanas.



Com o argumento de enfrentar a rede al-Qaida, Washington criou os Conselhos Sahwa em 2005 ao dar armas, dinheiro e treinamento a iraquianos sunitas que foram rendidos após terem combatido as tropas ocupantes e os soldados leais ao governo de Bagdá.



Os primeiros destacamentos surgiram na província da al-Anbar e posteriormente estenderam-se entre as tribos árabes sunitas das províncias de Salaheddin, Diyala, Nínive, Tamim e Bagdá.



A partir de agora, os encargos financeiros dos conselhos de Bagdá passarão para o quadro do governo, explicou um porta-voz, ao apontar que a remuneração de todos os irregulares tem um custo anual de 360 milhões de dólares.



Em meio à forte polêmica sobre se devem ser integrados ao executivo nacional ou continuar como uma fonte alternativa do poder político e militar, autoridades de outras províncias pensam em imitar a decisão do pagamento adotada pela administração da capital.



O gabinete de Al-Maliki, dominado por partidos de confissão xiita, considera os Conselhos Despertar um “fator decisivo”, que  dirigentes e porta-vozes estadunidenses definem como autores do declive da violência no Iraque nos últimos meses.



No entanto, enquanto um relatório do Pentágono fixou em 77 por cento a redução da violência nesta nação árabe, reportes jornalísticos indicam que o número de efetivos das forças de segurança iraquianas mortos em setembro aumentou para 159.



Essa cifra é três vezes maior que a registrada no mesmo período de 2007, ainda que nesse mesmo período se constatou uma diminuição das mortes de soldados norte-americanos e das baixas civis, segundo essas fontes.



Por outro lado, um teste do ambiente de insegurança prevalecente foi a permissão outorgada ontem pelo governo aos médicos iraquianos para que portem armas, única forma para se defender dos freqüentes assaltos, seqüestros e até assassinatos dos quais são vítimas.