Remuneração do brasileiro melhora, avalia Ipea
O Brasil alcançou em 2007 a mais baixa taxa de desemprego e a melhor remuneração da década. Mas o nível de emprego no Nordeste teve pequena retração
Publicado 01/10/2008 11:20 | Editado 04/03/2020 16:36
Desemprego atingiu a menor taxa registrada pelo Ipea (8,2%) no Brasil (Foto: Talita Rocha) O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou ontem, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2007, o segundo volume da série “Pnad – 2007: Primeiras análises”. O mercado de trabalho, um dos temas tratados, destaca-se pelo registro da menor taxa de desemprego (8,2%) e o melhor rendimento médio mensal real de todos os trabalhos da População em Idade Ativa (PIA) ocupadas (R$ 960). Também registrou aumento de 2,1% no número de postos de trabalho no Brasil em um ano. Entre 2006 e 2007, foram criadas 1,7 milhão de vagas. No ano passado, esse número chegou a 81,4 milhões. Mas enquanto o nível de ocupação cresceu em todo o País, o Nordeste anotou -0,15%.
O técnico pesquisador do Ipea, Lauro Ramos, diz que ainda não se tem uma explicação para esse resultado. Ressalta, porém, que na década a média da Região é inferior à nacional que é de cerca de 2%. “O que se sabe é que não se deve ao emprego industrial porque o emprego na indústria cresceu bastante”, comenta, ressaltando que comércio, serviços e construção civil não tiveram o mesmo desempenho do restante do País. Entre 2006 e 2007 o número de trabalhadores ocupados na indústria na região nordestina cresceu 8,01% e de 2001 para 2007, 3,44%.
Ele também chama a atenção para a queda no ritmo da ocupação como um todo no Brasil. “Em 2007, pela primeira vez desde 2003, o ritmo da geração de emprego foi inferior ao padrão demográfico (população em idade de trabalhar)”, observa, considerando que acendeu a luz amarela para alertar. Considera que também é preciso analisar melhor para entender porque as regiões não metropolitanas tiveram um desempenho fraco.
Ramos avalia que a taxa de informalidade no Nordeste é menos preocupante porque apesar de continuar na casa dos 60% – passou de 65%, em 2006, para 63,8% – vem caindo enquanto o hiato na ocupação vem aumentando. A taxa média de informalidade nacional em 2007 foi de 48,5%. Além do mercado de trabalho o Ipea trata os temas: previdência e trabalho infantil.
Segundo a análise do Ipea, a queda da informalidade se refletiu no aumento do percentual de trabalhadores que contribuem para a previdência, que passou de 48,8% em 2006 para 50,7% no ano passado, sendo que o aumento do número de contribuintes foi praticamente igual ao aumento de trabalhadores com vínculos protegidos. Ressalta ainda que “a desigualdade de rendimentos do trabalho entre os ocupados com rendimento caiu de forma acentuada – o coeficiente de Gini que era de 0,541 em 2006 passou para 0,528 em 2007 – e contribuiu de forma significativa para a queda da desigualdade de renda como um todo. Vale destacar, como isso ocorreu em conjunto com a elevação da renda, a implicação é de que houve um inequívoco aumento do bem-estar”.