Editorial – Tempo mal-aproveitado

Encerram-se hoje os quarenta e cinco dias de propaganda eleitoral obrigatória nas emissoras de rádio e televisão. A legislação proporciona aos partidos e candidatos a oportunidade igualitária de sensibilizar o eleitorado, expondo idéias, programas, propós

A exemplo de campanhas anteriores, os postulantes aos cargos públicos em disputa – com honrosas exceções – não souberam aproveitar essa excepcional oportunidade de uso da mídia eletrônica para seu proselitismo político. A falha resulta da opção dos partidos por quantidade de candidatos para elevar a legenda, em lugar da qualidade.


 


Ainda assim, o pleito do próximo domingo já antecipa algumas inovações válidas, como a filiação de 815 mil militantes por todos os partidos registrados junto ao Tribunal Superior Eleitoral. O contingente de brasileiros vinculados às legendas é formado por 12,3 milhões de partidários, correspondendo a 10% do total de eleitores.


 


O número, efetivamente, é pequeno em relação à quantidade de agremiações partidárias e de eleitores, mas sinaliza mudanças efetivas nesse universo nem sempre valorizado pela cidadania. Justifica, também, as dificuldades das agremiações na seleção de quadros para as disputas a cada pleito. Os próprios partidos não se preocupam em dinamizar o ambiente interno, fomentando clima propício à difusão de suas linhas ideológicas.


 


Outro detalhe diz respeito ao crescimento das doações legais à campanha, aplacando, em parte, o vezo antigo das contribuições disfarçadas, ou seja, à margem do procedimento legal estabelecido para a ajuda de campanhas eleitorais. Os episódios de 2005, quando os partidos políticos viram suas entranhas expostas à execração pública, começam a produzir efeitos positivos.


 


Pelos dados do Tribunal Superior Eleitoral, correspondentes à primeira prestação de contas montadas em cima das informações fornecidas por partidos e candidatos, este pleito começou muito mais rico quando comparado com as eleições de 2004. Os 156 candidatos a prefeito nas Capitais receberam na etapa inicial R$ 17,97 milhões originários de doações de campanha. O valor apresenta incremento de 83% em relação a igual fase no último pleito.


 


Em julho passado, após o encaminhamento da estimativa de custos das campanhas, pelos candidatos, Fortaleza liderava, em termos de valor, a previsão de gastos, com R$ 38,8 milhões. Nessa lista, era seguida por Salvador, com R$ 21,7 milhões; Natal, 18,4 milhões; Recife, R$ 13,8 milhões; Aracaju, R$ 11,6 milhões; João Pessoa, R$ 4,9 milhões; e Teresina, R$ 3,8 milhões.


 


O uso da mídia eletrônica nas campanhas eleitorais tem custos operacionais compensados pelas empresas quando da declaração do Imposto de Renda como pessoa jurídica. A renúncia fiscal da União para a cobertura do horário eleitoral, este ano, será de R$ 242 milhões, sendo esta mais uma razão para esse tempo ser melhor aproveitado.


 


Editoria do Jornal Diário do Nordeste