Favoritismo de Íris Resende esfria campanha em Goiânia

As eleições em Goiânia (GO) já têm resultado. O atual prefeito, que tenta a reeleição, Iris Resende (PMDB), com mais de 70% das intenções de voto, deve ganhar as eleições já no primeiro turno. Com ele, ganham os 14 partidos que fazem parte da coligação

O candidato que disputa com Resende é o deputado federal Sandes Júnior (PP), mas que tem apenas 12% das intenções de votos. O PP é da base do governo no Congresso Nacional, mas em Goiás ele está aliado ao DEM e ao PSDB do senador Marconi Perillo e recebe apoio do governador Alcides Rodrigues (PP). Mas o candidato não decolou nas pesquisas. Vai amargar a segunda derrota nas eleições para Prefeitura de Goiânia. Em 2004, ele também concorreu, mas não passou para o segundo turno.



Os demais candidatos são Gilvane Felipe, do PPS, que está coligado com o PV e Martiniano Cavalcante, do PSOL, que se uniu ao PCB e PSTU.



Vitória do governo



Íris Rezende, ex-governador, ex-ministro da Agricultura (governo Sarney) e da Justiça (governo Itamar Franco) e atual prefeito pelo PMDB, conseguiu reunir em torno de sua candidatura 14 partidos, dentre eles o PT, o PCdoB e o PDT. O favoritismo de Resende foi tão forte que desestimulou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) de concorrer.



Para Aldo Arantes, do Comitê Central do PCdoB e membro da Fundação Maurício Grabbois, há um indicativo de vitória dos candidatos do governo (federal) em todo o Estado de Goiás e um fortalecimento dos partidos da base aliada e a consequente fragilização da oposição que, em Goiás, está representada na figura política de Marconi Perillo.



Na avaliação de Arantes, o resultado das eleições municipais compromete a pretensão de Perillo nas eleições para o Governo do Estado em 2010. E Resende surge com o principal candidato.



Compra de voto



Ele relaciona a campanha morna com o favoritismo de Resende, mas também às medidas da Justiça Eleitoral, que restringiu as atividades de campanha. Arantes manifesta receio com a prática da compra de voto às vésperas das eleições, que não interfere na eleição majoritária, mas pode  alterar o resultado da eleição para vereador.



O PCdoB está na disputa em Goiânia com oito candidatos a vereador, mas sem garantia de vitória nem mesmo para Fábio Tokarski, o favorito no Partido para conquistar um mandato de vereador. Ele já cumpriu mandato de deputado estadual e disputou as últimas eleições como candidato a deputado federal.



Arantes destaca a qualidade da campanha de Tokarski, que participou de muitos debates e tem um bom material, mas alerta para os riscos da compra de votos. Ele diz que para se contrapor a esta prática, o partido lançou uma campanha de denúncia do voto comprado e pelo voto confiante.



Arantes acredita que nestas eleições, o PCdoB, que possui quatro vereadores em municípios pequenos do Estado, pode aumentar para 10 a sua representação nas Câmaras de Vereadores e garantir presença em municípios grandes.



Surpresa em Anápolis



“Em Goiás, a gente percebe crescimento muito grande das forças de sustentação do presidente Lula, nas principais cidades do Estado como Goiânia”, afirma Arantes, citando exemplo de outros grandes municípios como Aparecida de Goiânia, “a segunda mais importante do estado, onde o candidato Maguito Vilela, do PMDB, vai ganhar disparado, com apoio do PCdoB, mas não tem apoio do PT”.



Par ele, a surpresa é Anápolis, terceiro colégio eleitoral. A situação lá está indefinida. Os candidatos do PSDB, Ridoval Darci Chiareloto e do PMDB Onaide Santillo cresceram juntos com o do PT, Antônio Gomide. O segundo turno pode ocorrer em qualquer uma das situações envolvendo dois dos três nomes. Para Aldo Arantes sem definição, “o que sair da base do governo tem as maiores chances de vitória no segundo turno.



Perfil do eleitorado



A maioria dos 843.542 eleitores goianienses é feminina. Representa 53,6% do eleitorado contra 46,3% de eleitores. A maior fatia do eleitorado é de adultos de 25 a 34 anos. Os jovens de 18 a 20 anos são apenas 6,1% e os idosos acima de 70 anos são 4,8%.



Segundo o TSE, o maior percentual é de eleitores que não possui sequer o primeiro grau completo – 28,5%. A fatia que tem segundo grau incompleto equivale a 20,7% e os eleitores com curso superior completo ou incompleto representam 11,5% do eleitorado. Os analfabetos ou que apenas lêem e escrevem equivalem a 9% do eleitorado.



De Brasília
Márcia Xavier