Porto Alegre: 2º turno embolado gera guerra por votos
O sábado (4) foi marcado pela chuva e a guerra por votos nas ruas de Porto Alegre. A briga maior está entre as candidatas à prefeitura Manuela d´Ávila (PCdoB) e Maria do Rosário (PT). Ambas aparecem com 20% na pesquisa Ibope deste sábado contra 35% da pre
Publicado 04/10/2008 22:48
Na sexta (3) de sol cenas inusitadas já tomavam conta da campanha na capital gaúcha. No bairro Azenha, a auxiliar de enfermagem Beatriz Bueno Borges, de 59 anos, chegou a chorar ao abraçar a candidata comunista. ''Manuela está enfrentado a tudo e a todos para vencer. Antes de saber que ela seria candidata eu já tinha vontade de vê-la na prefeitura. Vamos conseguir'', desabafou emocionada.
Já Rosário foi literalmente surpreendida por um balde de água fria, jogado do alto de um prédio, enquanto caminhava com seus militantes pela Rua da Praia, no Centro. A petista, até então sorridente ao lado de seu vice Marcelo Danéris (PT), não se molhou graças à habilidade de um militante que a protegeu com um guarda-chuva automático na mão.
Fogaça, o preferido dos ricos, resolveu aparecer com um boné virado para trás e subir o Morro da Cruz. Lá, apenas crianças o cumprimentaram. A população, estranhando a iniciativa tão ausente no mandato do prefeito, manteve-se desconfiada. O fato de ter tido o seu chefe de campanha, o deputado Luiz Fernando Záchia (PMDB), derrubado por denúncias da Folha de S.Paulo continua sendo completamente ignorado pela mídia local.
Este sábado de chuva não impediu inúmeras carreatas, caminhadas e panfletagens do último dia de campanha pública. A cidade engajada levantou suas bandeiras, cantou jingles e seguiu carros de som. A grande festa eleitoral também possibilitou encontros nem sempre desejáveis.
Encontros e desencontros
Em sua caminhada pela Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, Fogaça e seu carro de som foram “acompanhados” por outro carro de um candidato a vereador da coligação de Rosário. Em tom de provocação ao prefeito, que fazia corpo-a-corpo com eleitores, o carro do PT elevou o volume do jingle de Rosário. Indignado, um militante de Fogaça atravessou a rua e solicitou que se abaixasse o volume. Após uma breve discussão, o jingle de Rosário se calou.
Também no final da tarde as carreatas das candidatas Luciana Genro (PSOL) e Manuela se cruzaram em uma estreita rua do bairro Rubem Berta, na Zona Norte. As candidatas ficaram por alguns instantes lado a lado, a poucos metros de distância. Enquanto militantes achavam graça da desproporção de carros favorável à candidata comunista, as duas postulantes disfarçaram o constrangimento com a coincidência.
Mas foi de Fogaça a carreata mais atrapalhada do dia. Por pouco, os carros dos militantes do prefeito não se desencontraram na zona sul da cidade. Enquanto a maioria dos carros de campanha seguia o percurso original, parte dos militantes, que vinham mais atrás no cortejo, enveredou por outra avenida. Com muitas manobras seguintes, foi possível manter a rota da carreata do prefeito.
Futuro imprevisível
Dois fatos novos surgiram na campanha deste sábado. O primeiro foi o grande número de petistas nas ruas. A campanha de Rosário, levada até hoje por apenas alguns setores do PT, finalmente pode contar com um corpo maior de militantes na rua. Fica apenas a dúvida do impacto da ação para a conquista de votos. Para muitos analistas, o reforço chegou tarde.
Outro fato foi o aumento registrado pela pesquisa Ibope no número de eleitores indecisos. Nas últimas pesquisas realizadas o índice aparecia em 4%. O Ibope destes 2 e 3 de outubro registra 8%. Ou seja, fora o número de eleitores que ainda podem mudar seu voto, há ainda um ligeiro aumento de indecisos. São as emoções da disputa indefinida.
Independente dos números, uma questão é certa. Por hora, a maior derrota desta campanha é do prefeito Fogaça. Até 29 de setembro ele e seus correligionários acreditavam fielmente que poderiam levar a vitória no primeiro turno. O prefeito sabe que, assim como ele ganhou de virada de Raul Pont (PT) no segundo turno em 2004, uma mulher poderá derrotá-lo de virada no segundo turno em 2006. Enquanto a chuva cai sobre Porto Alegre, as pedras seguem rolando e cada minuto vale muito o grito da vitória. No domingo é votar e torcer.
De Porto Alegre,
Carla Santos