China e EUA trocam farpas por venda de armas a Taiwan

As relações entre China e Estados Unidos vivem este fim de semana uma nova tensão, depois que Washington anunciou planos para vender armas a Taiwan. Pequim qualificou o anúncio de forte ingerência nos assuntos internos chineses.

A Casa Branca adiantou na última sexta-feira (3) sua decisão de fornecer armamento à ilha no valor de US$ 6,5 bilhões de dólares, ao notificá-la ao congresso.



Se não encontrar objeção ali, a entrega poderá se efetivar, colocando um fim a um congelamento no comércio bilateral de armas que durou meses.



Segundo informou-se, as vendas projetadas incluem o sistema anti-mísseis Patriot III, o sistema aperfeiçoado de advertência avançada E-2T e helicópteros Apache, entre outros.



As reações chinesas foram imediatas, com declarações dos ministérios de Defesa e Relações Exteriores, que repudiaram energicamente esses planos.



A isso se somou uma citação ao encarregado de negócios norte-americano em Pequim, por parte do vice-chanceler He Yefai, para fazer chegar o protesto sobre este caso.



Por sua vez, o porta-voz do ministério de Defesa, Hu Changming, assegurou que este passo interfere grosseiramente nos assuntos internos da China e afeta as relações entre os dois países e suas respectivas forças armadas.



Também, o porta-voz da chancelaria Liu Jianchao recordou a histórica posição de seu país com relação à ilha: advertimos claramente aos Estados Unidos que no mundo há apenas uma China e que Taiwan é parte da China.



O gigante asiático denunciou ademais que esta ação da Casa Branca viola seus compromissos com Pequim, com respeito ao tema daquela ilha, incluído o apoio ao desenvolvimento pacífico de relações através do estreito.



O governo chinês chamou à outra parte a reconhecer que essas vendas são seriamente prejudiciais e a respeitar seu compromisso com a política de apenas uma China, os princípios estabelecidos nos três comunicados conjuntos e recusar a chamada “independência de Taiwan”.



Também pediu a Washington anular os referidos planos a fim de evitar maiores danos às relações bilaterais e à paz e estabilidade no Estreito de Taiwan, junto com a advertência de que “nos reservamos o direito de tomar novas medidas”.



As tensões surgem justo quando os vínculos entre a parte continental e a ilha registram crescentes contatos depois da volta ao poder do Partido Kuomintang no pequeno território em maio passado.



Entre as iniciativas com esse fim destacam o início de vôos comerciais diretos e maiores facilidades para as viagens. Nesse sentido, Beijing recordou que a projetada venda de armas a Taiwan constitui um passo que entorpece também o melhoramento das relações entre o território continental e a ilha.