Brasileiros paralisam fábrica no Japão
A paralisação ocorreu no final do turno da quarta-feira (1.°/10). Cerca de 60 operários brasileiros paralisaram as atividades da fábrica de auto-peças Hikari Seikoh na cidade de Kuwana, em Mie, e se reuniram em frente ao escritório da empresa.
Publicado 07/10/2008 18:53
Eles queriam a confirmação de que os diretores da Hikari Seikoh estariam presentes em uma reunião para tratar das reivindicações do grupo, que incluem contrato direto e equiparação salarial. Eles também protestam contra medidas que, alegam, ferem a legislação trabalhista.
O caso está sendo analisado pelo Escritório de Normas Trabalhistas de Tsu.
Foi a terceira paralisação dos operários brasileiros em protesto contra a empresa. Não chegou a ser uma greve, mas a manifestação reuniu operários das três unidades da fábrica, que emprega cerca de 320 brasileiros na produção de auto-peças para a Toyota.
Menos de um terço dos operários participa do Sindicato Union Mie, que organizou as paralisações. Os sindicalizados têm medo de demissão em massa mas, ainda assim, protestam.
“A gente tem receio sempre, por isso está nesta luta, para ter estabilidade no emprego”, disse Eiji Alberto Fushiki, em entrevista ao Jornal IPC.
Os operários sindicalizados também denunciam que são vítimas de retaliações. “Por saberem que a gente é membro do sindicato, não deixam a gente fazer zangyo (hora-extra). Em outros setores também tem pessoas sofrendo discriminação”, declara Everson Lima.
Apesar do receio de perder o emprego, os manifestantes sabem que a causa é justa. “Tem muita gente que não participa, mas se beneficiar um, vai beneficiar a todos”, conclui Mirela Saito.
O benefício que os trabalhadores esperam é a contratação direta pela fábrica. Eles também pedem estabilidade no emprego, melhores condições de trabalho e reajuste salarial para 1.400 ienes a hora. Hoje eles recebem 1.280 ienes.
Depois dessa manifestação na fábrica, a diretoria da Hikari concordou em ouvir os trabalhadores. Diretores do sindicato e da empresa tiveram na noite de quinta-feira (2), uma reunião a portas fechadas. E o desfecho deve ocorrer semana que vêm.
“A empresa foi intimada a comparecer no Escritório de Normas Trabalhistas no dia 8”, disse Alessandro Onori, um dos líderes do sindicato.
Os operários vão se deslocar em caravana para a audiência no Escritório de Normas Trabalhistas, um forma de manter a pressão na luta por seus direitos.
Fonte: IPC Digital