Ex-ditador argentino é levado para dependência militar
Um juiz argentino ordenou que o ex-ditador Jorge Rafael Videla seja transferido para uma dependência militar, após haver gozado do benefício da prisão domiciliar durante os últimos dez anos, informaram hoje fontes judiciais.
Publicado 11/10/2008 15:04
Videla foi notificado da decisão judicial nos tribunais federais de Buenos Aires e dali foi levado para o Campo de Mayo custodiado pelo Serviço Penitenciário Federal.
O magistrado Norberto Oyarbide anulou o benefício da prisão domiciliar, em sintonia com a exigência das Avós de Praça de Maio e outros organismos de direitos humanos que pedem há anos a mudança de Videla para uma prisão comum.
As fontes disseram que o juiz considerou que a prisão instalada na guarnição militar “conta com o equipamento, a infra-estrutura e o pessoal necessário” para atender qualquer emergência médica que Videla pudesse sofrer.
O ex-ditador, de 83 anos, foi processado pelo seqüestro de menores durante a última ditadura militar argentina (1976-1983), e está à espera do julgamento oral e público.
Em julho, O Tribunal Criminal Federal confirmou a ampliação do processo do ex-ditador, beneficiado com a prisão domiciliar que na Argentina pode ser outorgada aos maiores de 70 anos.
Videla, que tinha sido processado como “autor mediato” de cinco seqüestros, detenções e ocultação de filhos cujos pais estiveram em centros clandestinos de detenção, somou outros 21 casos dentro do denominado “plano sistemático” para o seqüestro de bebês.
Além do seqüestro de bebês, Videla é processado por outras causas, entre elas o desaparecimento de dois empresários e o Plano Condor, como foi denominada a coordenação repressiva dos regimes militares do Cone Sul nas décadas de 1970 e 1980.
Segundo números oficiais, 18.000 pessoas desapareceram na Argentina durante o último regime, embora organismos de direitos humanos tenham afirmado que as vítimas foram 30.000.