Mantega diz que FMI precisa ser reformado

Em plena fase aguda da crise financeira dos Estados Unidos, que atinge os mercados do mundo, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse neste sábado (11) que o Fundo Monetário Internacional (FMI) precisa de uma reforma estrutural “urgente”. Para Mantega,

“O FMI não parece ter dedicado suficiente atenção aos principais centros financeiros. Até recentemente, o FMI estava concentrado nos problemas dos países de mercado emergente e em desenvolvimento”, reclamou Mantega, em discurso no Comitê Monetário e Financeiro Internacional – órgão que avalia cenários e define estratégias para o Fundo.



Mantega defende que o FMI promova um aperfeiçoamento significativo de monitoramento dos mais importantes mercados financeiros, bem como dos fluxos globais de capital.



“A maneira como as economias desenvolvidas estão lidando com a crise financeira tem de ser cuidadosamente analisada, de modo a enfrentar um potencial alastramento de seus efeitos e extrair lições para os países de mercado emergente e em desenvolvimento”, sugeriu o ministro, ressaltando a importância de sejam fortalecidas “salvaguardas prudenciais relacionadas especificamente aos movimentos internacionais de capital”.



O ministro destacou que também se faz necessário um plano de fortalecimento e proteção do sistema financeiro internacional, “mas sem um viés em favor das práticas dos países avançados”.



Mantega disse ainda que a crise evidenciou a necessidade de intervenção do Estado na economia, “em larga escala”, como foi feito em muitos países do chamado Primeiro Mundo.



“Até mesmo governos profundamente comprometidos com o 'laissez-faire' agora aceitam a inevitabilidade de um amplo envolvimento do setor público, não apenas na resolução da crise, mas também no estabelecimento de um novo modelo, mais rigoroso, de regulação e supervisão das instituições financeiras no período pós-crise”, discursou Mantega, caprichando na erudição e acrescentando que os mercados de crédito precisam ser revigorados. “Caberá também ao Estado restaurar a confiança, que foi estilhaçada pela quebra de várias instituições financeiras importantes”.