Musa de Almodóvar é só elogios ao cinema latino-americano

O cinema feito na América Latina enfrenta uma concorrência desigual em relação aos blockbusters — as grandes produções norte-americanas. Mesmo assim, o toque mágico da região servirá para lhe abrir caminho em novos mercados. É o que afirma a atriz espanho

Os obstáculos, segundo ela, são semelhantes aos enfrentados antes pelo cinema espanhol. “Os americanos chegam ao país com um filme novo e já venderam bonequinhos do protagonista, já lançaram campanhas”, criticou a atriz. “É uma luta muito desigual — mas o que não podemos fazer é ter complexo de inferioridade, em hipótese alguma”, acrescentou ela, taxativa.


 


Maura também elogiou a criatividade latino-americana, apontando como Hollywood, cada vez mais, está procurando talentos da região para trabalhar em seus roteiros e produções. “A América Latina me chama a atenção porque vocês têm uma série de coisas que não se pode especificar. Vocês têm um caráter diferente, têm histórias que diferem de todas as outras. Há uma espécie de coisa mágica e rara por aqui. É muito diferente”, analisou, para depois brincar: “A única coisa que me incomoda em trabalhar aqui é a distância que é preciso viajar”.


 


“Primeiros filmes”


 


Maura — que já trabalhou também na Argentina, no Chile e no México — assistiu em Caracas, na noite de segunda-feira (13), à estréia de La virgen negra, o trabalho de estréia do venezuelano Ignacio Castillo, que mergulha no gênero do realismo mágico. “Gosto muito dos primeiros filmes. Tenho uma quantidade incrível de primeiros filmes em minha história, porque isso me dá energia. Os primeiros filmes sempre têm uma energia especial.”


 


A atriz, de 63 anos, disse que se sentiu à vontade durante a rodagem do filme, feito na costa venezuelana, mas admitiu que houve algumas limitações. “É um pouco chocante que seja um país tão rico, mas que haja carências tão grandes em algumas coisas. Isso dá um pouco de raiva”, observou.


 


Além de talentos locais, Carmen Maura contracenou em La virgen negra com a mexicana Angélica Aragón e o brasileiro Matheus Nachtergale. Vista como “monstro” do cinema espanhol, ela afirmou ter poucas exigências para aceitar um papel. “Aprendo as falas, obedeço ao diretor, ponho o vestido, e me dão o marido, os filhos, o que houver.”