Stone esmiúça Bush e põe Hollywood na corrida à Casa Branca

Hollywood também está presente na corrida eleitoral americana, como demonstrará a estréia, nesta sexta-feira (17), nos Estados Unidos, de W, a nova produção de Oliver Stone. O filme é uma história sobre o presidente George W. Bush e chega às sala

O candidato republicano, John McCain, está, em média, sete pontos atrás de seu adversário, o democrata Barack Obama, nas pesquisas de intenções de voto. Os números também mostram que Obama, senador por Illinois, é o favorito dos americanos para enfrentar os problemas econômicos do país.


 


O clima de insegurança e desconfiança nos Estados Unidos nas últimas semanas foi o ambiente ideal para que cineastas como Michael Moore e David Zucker tenham feito seus últimos trabalhos com toda ironia. Moore apresentou em setembro na internet Slacker Uprising, um documentário que mostra as semanas anteriores à eleição presidencial americana em 2004, no qual voltava a criticar as políticas do presidente Bush e encorajava os jovens a votar.


 


Já Zucker, um republicano transformado desde os ataques terroristas de 11 de setembro, lançou este mês An American Carol, uma paródia dos tipos de documentários feitos por Moore. Nos filmes de Zucker, o cômico Kevin Farley imita Michael Moore e lidera uma campanha para abolir as celebrações de 4 de julho.


 


No entanto, a proposta definitiva de Hollywood chega pelas mãos do sempre polêmico Oliver Stone — que já se aproximou da figura de John Fitzgerald Kennedy em JFK (1991), e de Richard Nixon em 1995. Orçado em US$ 30 milhões, W é dividido em três atos: a juventude desenfreada de Bush, sua aproximação das causas evangélicas e seu primeiro mandato na Casa Branca.


 


“Espero que algum dia (Bush) possa ver o filme porque acho que Josh (Brolin, que dá vida ao presidente na ficção) faz uma grande atuação. E porque Liz (Elizabeth Banks) está genial no papel de sua esposa, Laura”, disse diretor americano durante a coletiva de imprensa de apresentação da obra.


 


Completam o elenco James Cromwell, como pai do atual presidente americano; Richard Dreyfuss, como o vice-presidente Dick Cheney; Jeffrey Wright, como o secretário de Estado Colin Powell; Toby Jones, como o assessor Karl Rove; Thandie Newton, como a atual secretária de Estado, Condoleezza Rice; e Ellen Burstyn como Barbara Bush, mãe de George W. Bush.


 


“Que algum dia (Bush) aproveite o filme e seja suficientemente sábio para se render diante dele”, afirmou Stone, ganhador de dois Oscar de melhor diretor, por Platoon e Nascido em 4 de Julho. “O bom, o feio e o mau — tudo. Tentamos fazer dele um ser humano. E tratei de ser justo, equilibrado e compassivo”, acrescentou.


 


A imparcialidade foi assunto fundamental para o diretor. “Não queria tomar parte nem mostrar minhas considerações políticas no filme. Isso é algo que fica em meu âmbito privado”, ressaltou Stone, que admitiu que a elaboração do filme foi “complicada”. Tudo porque seu protagonista, ao contrário do que ocorreu em JKF ou Nixon, ainda preside o país — e Stone não sabia que decisões a Casa Branca poderia adotar enquanto concluía a rodagem do filme.


 


“Poderia haver — Deus me livre! — outro ataque terrorista nos Estados Unidos”, disse Stone. “A política preventiva de Bush poderia gerar uma guerra no Irã, ou, talvez, até na Venezuela. Da maneira que ele pensa, temos o direito a ir a qualquer parte do mundo; Cuba ou talvez Geórgia. Isso nunca acaba”, frisou o diretor.