Ex-secretário diz que Kassab mente sobre habitação
O ex-secretário municipal de Habitação e deputado federal, Paulo Teixeira (PT-SP), negou nesta terça-feira que a autoria do “cheque-despejo” –verba de atendimento para os moradores retirados de favelas — tenha sido criada na gestão da ex-prefeita Mar
Publicado 21/10/2008 15:24
“Esse instrumento foi criado em 1988, na gestão Jânio Quadros. Foi utilizado na gestão Jânio, Luiza Erundina, Maluf, Pitta e Marta. Nessas gestões, a verba permitia comprar um imóvel ou construir”, afirmou Teixeira em nota.
Teixeira disse ainda que Kassab mentiu no debate e que “não gosta dos pobres”. O petista defende que na gestão da ex-prefeita o “cheque-despejo” foi ampliado com a finalidade de alugar imóveis para “retirar os moradores debaixo dos viadutos e hospedá-los em hotéis e alugar prédios para moradores de cortiços”.
O petista acusa a gestão de Kassab de ter “retrocedido” e “distribuído amplamente” o valor do “cheque-despejo” em R$ 5.000 para retirar os moradores de favelas. “Um programa de desfavelamento higienista, sem solução habitacional para os moradores. E com arbitrariedades, sem nenhuma ordem judicial!”.
O ex-secretário afirma ainda ter criado o programa “Bolsa Aluguel” para os moradores retirados do edifício São Vito e que na atual gestão “acabou com o benefício” e que os “contratos não foram renovados”. Sobre a situação dos moradores do Jardim Edite, bairro citado durante o debate, Teixeira acusa Kassab de ter tentado “promover despejos com a verba de R$ 5.000”.
O petista acusa Kassab de ter interrompido as licitações para a construção de casas e que “todos os programas de moradia foram criados na gestão Marta”. “O programa de urbanização de favelas foi contratado por Marta e os recursos vieram em grande parte do governo Lula”, disse Teixeira que ainda afirma que o prefeito “paralisou todos os programas sociais, promovendo a retirada nos pobres do centro”.
Apartheid social nas favelas
Na segunda-feira (20), foi a própria candidata Marta Suplicy quem apontou as contradições de Kassab na área de habitação.
A candidata do PTdeclarou em seu programa eleitoral gratuito na televisão que o prefeito do DEM criou um “apartheid social” com seus projetos de urbanização de favelas. Segundo ela, os prédios dos conjuntos habitacionais não acabam com a existência da favela, que é separada por um muro. “A realidade é diferente da realidade mostrada na propaganda do Kassab”, acusou. Em tom dramático, foram apresentadas cenas de famílias sendo despejadas e barracos derrubados por grandes tratores, com uma música triste ao fundo.
No domingo, durante debate na TV Record, a candidata também tratou do assunto moradia e criticou a política habitacional do candidato do DEM. “Minha política de moradia é de urbanização de favelas e respeito com a população”, disse Marta ao comparar sua política habitacional com a do atual prefeito. Ao citar algumas obras de urbanização realizadas por Kassab, ela lembrou que os moradores da favela do Jardim Edith, Zona Sul de São Paulo, só não foram despejados porque o Ministério Público interveio.
Marta lembrou que a política de moradia de Kassab se baseia no “cheque despejo”, pouca conversa e desapropriações com trator e gás lacrimogêneo.
Ela declarou também que o projeto da Ponte Estaiada ficou parado por dois anos, apesar de ter R$200 milhões em caixa para a realização da obra. Em relação à ampliação do Metrô, Marta questionou o cheque entregue por Kassab ao governador José Serra na semana passada para a construção de novas linhas. “Por que só agora, perto da eleição, você faz essa entrega?”. O candidato adversário titubeou sem responder com clareza.
Com informações da Folha Online