Líder critica oposição por uso político da crise
O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), criticou os deputados da oposição que estão dificultando a votação das Medidas Provisórias que estabelecem mecanismos contra o reflexo da crise econômica mundial no país. “Estamos atentos ao cenário
Publicado 27/10/2008 18:58
Como parte do esforço para buscar o entendimento, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltará nesta terça (28) à Casa para reunir com os líderes de todos os partidos. O objetivo é discutir melhor os conteúdos das MPs e acabar com o clima tenso no legislativo.
A reunião, que será realizada somente com os líderes dos partidos, foi solicitada pelo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a pedido dos dirigentes da oposição.
É que na última quarta (22) à tarde o ministro Mantega e o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, estiveram na Câmara para debater a crise econômica. Ocorre que à noite do mesmo dia foi editada a MP 443 que permite ao Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal comprar ações de bancos com problemas.
Os líderes da oposição reagiram com indignação e chegaram a chamar o ministro de mentiroso e sonegador de informação. Fontana explicou que os deputados parecem não conhecer a lógica do mercado. Para ele, não havia condições técnicas de antecipar o anúncio das medidas.
Apesar do impasse gerado, é dado como certo que MP 442, que autoriza o BC emprestar dinheiro aos bancos, será votada pelo plenário da Câmara nesta terça.
Debate sobre o controle dos gastos
A oposição insite no discurso da necessidade de o governo demonstrar um plano claro de contenção dos gastos públicos. Analisa que essa é a melhor forma de manter os programas de investimentos na infra-estrutura e estimular a exportação.
“Falam que o governo atual seria o governo da gastança. Mas nós assumimos uma dívida de 52% do PIB, e hoje essa dívida está em 39% do PIB. Ou seja, diminuímos o endividamento do país e apostamos em uma política de crescimento econômico com distribuição de renda”, disse o líder do governo.
Para ele, os ministros e o presidente Lula estão agindo com “prudência, serenidade, competência e não acolhem a idéia do pânico, que é parte dessa crise global”.
“O que me impressiona, é que o líder do PSDB (José Anibal), depois dessa hecatombe que ocorreu no centro do capitalismo global, não suba à tribuna para abordar, inicialmente, esse tema, que é aquela velha filosofia econômica em que a idéia da auto-regulação dos mercados, em que a idéia do “deus-mercado” poderia determinar um ciclo virtuoso eterno, que não ocorreu”, disse o líder por ocasião do debate com a presenaça do ministro e do presidente do Banco Central.
“Como está na capa da revista Carta Capital, caiu o muro de Wall Street, da irresponsabilidade da especulação”, prosseguiu.
Fundo soberano
O líder do governo aposta num entendimento com a oposição para que seja aprovada a MP 442 e o Fundo Soberano nas votações desta semana. Segundo ele, é necessário “trabalhar para manter o crescimento da economia e não apostar na idéia do quanto pior melhor”.
Na defesa do Fundo Soberano, Fontana lembra que o Brasil fez uma economia de R$ 14 bilhões e pode ser utilizada em 2009. Entre as vantagens do fundo, este poderá ser utilizado para aumentar o financiamento das exportações.
De Brasília,
Iram Alfaia