''Este é um projeto visionário'', diz Hilton de Oliveira
Nem o tempo nublado afastou do mercado da Ribeira, em Olinda, o público que subiu a ladeira, na tarde desse domingo (02), para conferir a oitava edição do projeto Negro Samba Sim. Este mês, o projeto tem um toque especial, pois novembro é o Mês da Consciê
Publicado 03/11/2008 20:30 | Editado 04/03/2020 16:59
O samba está mesmo nas veias dos que fazem o Negro Samba Sim. Desde os que organizam o evento, que acontece todo primeiro domingo de cada mês; passando pelos que comandam a festa até o público que vem conferir esse grande momento de confraternização. “Este é um projeto visionário. Que resgata a cultura do samba e, por isso, está se consolidando”, disse Hilton de Oliveira, sambista convidado desse domingo.
A tarde começou com a apresentação dos grupos Abaúna e Liberdade Negra que mostraram todo o seu gingado numa roda de capoeira comandada pelo mestre Jader Felix, presidente da Federação Pernambucana de Capoeira. Em seguida, já no palco, o Nosso Samba é Assim abriu a festa que contou ainda com as apresentações de Jorge Riba e o Fino do Samba com os convidados Hilton de Oliveira e Dona Selma do Samba.
“Este projeto é uma bandeira que está sendo levantada e, a cada mês, a bandeira sobe um pouco mais conquistando mais espaço. Para nós, artistas, tanto de Recife como de Olinda, mesmo já estando na luta há algum tempo, é a oportunidade de mostrar o nosso trabalho”, falou o vocalista do Nosso Samba é Assim, Cristiano Galvão.
Um dos responsáveis por carregar esta bandeira, sem dúvidas, é Jorge Riba. Desde a primeira edição do projeto, ocorrida no mês de abriu, ele e o grupo Fino do Samba vem comandando a festa e trazendo gente nova para o palco. “O Negro Samba Sim me ajudou a concretizar um sonho antigo que era de trazer para o mesmo palco grandes amigos. Já trouxe essa excelente artista que é a Isaar França e tantos outros. Hoje, eu tenho a chance de cantar com Hilton de Oliveira, que foi o primeiro homem a montar uma casa de samba no Recife, e Dona Selma, que compõe quase um samba por dia”, revelou Jorge Riba.
E quando o assunto é samba, Hilton de Oliveira é uma sumidade. “É a primeira vez que me apresento no Negro Samba Sim, mas vim conferir e prestigiar os amigos em todas as edições anteriores”, comentou o sambista. Há 50 anos, o músico trabalha o samba profissionalmente e entre tantas histórias para contar está a da casa Brasiliana Show. Um espaço que, durante a década de 70, popularizou o samba no Recife.
“O Negro Samba Sim é um jeito de contribuir contra os preconceitos”, é como define Dona Selma do Samba. Ela que é branca, desde os 14 anos compõe sambas e é bastante conhecida e querida entre os músicos deste estilo. Tanto que se apresentou pela segunda vez no projeto. Como surpresa para o público, Dona Selma provou que é uma excelente e habilidosa compositora apresentando uma canção totalmente nova. “Recém saída do forno”, brincou.
Ao subir juntos no palco, eles mostram porque e para quê estão ali. Para colocar o samba na rua e partilhar com o público a alegria da cultura negra.
Do Recife,
Daniel Vilarouca