Artigo: Vitória de Obama é avanço da humanidade

Não tenho a menor dúvida de que esta quarta-feira, 5 de novembro de 2008, é e será um dos dias mais importantes da história presenciados por minha geração. A vitória de Barack Obama nas eleições norte-americanas, com estrondosos 66% dos votos das pesso

Sobre Bush, que já vai tarde, falarei com mais detalhes em outro momento, com mais espaço para pontuar alguns dos seus inúmeros erros. Por ora, cabe ressaltar que seu mandato já começou de forma errada. Em um sistema de votação confuso, em que, às vezes, a vontade da maioria da população não prevalece, justamente nos Estados Unidos, arauto da democracia, o republicano foi eleito em 2000 com menos votos do que o democrata Al Gore. Ainda assim, Bush acabou ocupando a Casa Branca porque obteve votos de mais delegados. Seja lá o que isso queira significar. Desde então, o presidente da nação mais desenvolvida do planeta meteu os pés pelas mãos várias vezes, especialmente na política internacional e, claro, ao não saber gerir a economia interna.


 


No ano em que as demissões nos EUA chegam a 19%, a mudança esperada com a eleição de Obama vem acompanhada de uma expectativa de mudança do próprio comportamento humano. Quando Martin Luther King chegou ao auge de sua militância pela igualdade de direitos entre negros e brancos nos Estados Unidos, ele estava plantando uma semente que, sem dúvidas, resultaria, entre outras coisas, na eleição de um negro para a presidência daquele país. Mas creio que nem o mais otimista dos defensores da causa dos negros poderia imaginar que isso acontecesse em tão curto espaço de tempo, uma vez que se passaram mais de 40 anos da morte de Luther King. Em uma nação extremamente racista como a americana, essa mudança de paradigma levaria mais tempo para se consolidar. De qualquer forma, a “onda Barack Obama” chega em boa hora.


 


O novo presidente terá, pelo menos, quatro anos para corrigir os equívocos do atual governo. Mais do que isso, poderá demonstrar e comprovar que não há inferioridade entre raças, como muitos, infelizmente, ainda defendem nos Estados Unidos e em outras nações. O êxito do governo prestes a se iniciar, que terá como principal figura o presidente, será mais um grande passo na longínqua luta para que todos os seres humanos sejam avaliados igualmente. Espero que a responsabilidade de ser o primeiro presidente negro norte-americano não seja mais um peso nos ombros de Obama. Certamente não será, pois inteligência e habilidade para ocupar o cargo ele já demonstrou que tem. Embora alguns extremistas possam ser mais rigorosos na avaliação das ações do futuro ocupante da Casa Branca.  


 


Orozimbo Souza Junior é jornalista e especialista em Comuniação e Política