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Economia: Lula pede fim de “cassino” e maior regulamentação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a afirmar nesta segunda-feira (10) que o sistema financeiro internacional precisa de regulação dos Estados e que não deve ser visto como um “cassino”. Em seu programa semanal de rádio, ele destacou que os país

Lula afirmou ainda esperar que no próximo encontro do G-20 – grupo composto pelas maiores economias mundiais – em Washington, possam ser discutidos temas como a atuação da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Rodada Doha. Ele afirmou ter consciência de que a reunião não vai definir “tudo o que precisamos que defina” mas que caracteriza “um início extraordinário” para que chefes de Estado assumam a responsabilidade de trazer para si a discussão de soluções futuras capazes de evitar outras crises.



Confira abaixo a íntegra do programa:



Olá, você em todo o Brasil. Eu sou o Luciano Seixas e nós estamos começando agora o programa de rádio do presidente Lula, o Café com o Presidente. Olá, presidente. Como vai, Tudo bem?
Tudo bem, Luciano.



Presidente, o final de semana foi bastante movimentado, o senhor teve uma reunião do Codesul [Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul] em Foz do Iguaçu com governadores dos estados fronteiriços do Brasil, também com ministros da Fazenda e presidentes dos Bancos Centrais do G-20 [Grupo de Países em Desenvolvimento] estiveram reunidos em São Paulo, um encontro preparatório para a Cúpula Mundial que vai discutir a crise, desta vez, em Washington [EUA]. Como é que foi, qual o balanço que o senhor faz destas reuniões?
Luciano, primeiro eu acho extremamente importante e providencial que essas reuniões estejam acontecendo nesse momento. Afinal de contas, nós temos uma crise mundial, uma crise que nasceu no coração do país que representa o maior PIB [Produto Interno Bruto] do mundo, o país que representa a síntese do capitalismo mundial e foi exatamente nesse país que surgiu uma crise do sistema financeiro, e que pode atrapalhar o desenvolvimento, e o crescimento econômico dos países emergentes. Então, nós temos que discutir, porque a saída também tem que ser uma saída, eu diria, global. Não pode ser só a crise global, a saída também tem que ser global. E no Codesul foi importante porque todos os países do Mercosul estão numa fase de crescimento muito importante e estão numa fase de geração de empregos. Depois de muitos anos Paraguai, Uruguai, Brasil, Argentina, conheceram um outro momento de crescimento econômico, de geração de empregos e nós temos que tomar uma decisão, ou seja, para enfrentar essa crise nós não precisamos ficar temendo a crise. Sabemos que ela existe, sabemos que ela é grande, que ela pode ser grave, mas que nós estamos em condições melhores para enfrentar essa crise do que os países ricos, porque nós ainda temos um potencial extraordinário de crescimento do mercado interno, nós temos a possibilidade de fortalecer ainda mais o Mercosul. Então, o meu recado lá foi o seguinte: para enfrentar essa crise mais Mercosul, mais exportações entre os nossos países. Vamos trabalhar, acho que os países estão vivendo um momento importante, com muita cautela temos que tomar as decisões e aqui no Brasil estamos tomando todas as decisões e foi um pouco disso que eu foi dizer para os meus amigos do Mercosul.



Esta também é a mensagem que o senhor vai levar para a reunião política do G-20, em Washington?
Antes de levar a mensagem para o G-20, em Washington, nós tivemos a reunião no sábado que participaram os presidentes dos Bancos Centrais do G-20, participaram os ministros da Fazenda. Essa é uma discussão mais de fundo, é uma discussão em que a nossa expectativa é que as decisões possam orientar a reunião que vai acontecer no dia 15, em Washington. Nós sabemos de onde veio a crise, sabemos o que foi que gerou essa crise e nós sabemos que o sistema financeiro internacional tem que ter um certo controle do Estado. É preciso que haja uma regulação. Tudo na vida é regulado, não pode um sistema financeiro achar que pode fazer, sabe, do sistema financeiro um cassino. O que nós queremos é que o sistema financeiro exista, cada vez mais forte para ajudar o desenvolvimento do país, para ajudar o crescimento da indústria, para ajudar o crescimento da agricultura. Ou seja, ganhar dinheiro gerando riqueza e gerando emprego e não apenas acumulando riqueza através da especulação. Bem, eu espero que o G-20 político tome essa decisão, porque há muito tempo eu estou pedindo uma reunião dos líderes políticos para que a gente possa discutir a questão da OMC [Organização Mundial do Comércio] e a Rodada de Doha, e agora chegou a oportunidade de fazermos essa reunião. Eu tenho consciência de que essa reunião não vai definir tudo o que nós precisamos que ela defina, mas é um início extraordinário que os políticos, Chefes de Estado, assumam a responsabilidade de trazerem para si a discussão das soluções futuras, para evitar que outras crises como essa venham acontecer.



Presidente, nós estamos gravando o programa aqui no Palácio do Planalto e nesta segunda-feira o senhor vai estar na Itália. Qual vai ser a sua agenda?
Olha, primeiro na Itália nós vamos ter uma forte agenda empresarial. Haverá uma grande delegação de empresários brasileiros, haverá uma grande delegação de empresários italianos e exatamente por conta da crise nós vamos discutir com os empresários as possibilidades de investimentos que têm para serem feitos no Brasil, com a quantidade de obras de infra-estrutura que estamos fazendo. Vou ter encontro com o primeiro-ministro, vou ter encontro com o presidente, vou ter encontro com o movimento social italiano, vou ter encontro com os políticos da oposição na Itália e na quinta-feira vou encontrar com o Papa [Bento XVI] para assinar um acordo entre o Estado brasileiro e o Estado do Vaticano. E também vou discutir com o Papa a questão da crise econômica. E também a gente fazer convocação para que os países ricos coloquem mais dinheiro para ajudar os países pobres, por exemplo, o Haiti, os países africanos, ou seja, precisamos ter consciência de que ou os países mais ricos ajudam os países mais pobres a se desenvolverem ou nós vamos enfrentar um problema muito sério de migração.



Muito obrigado, presidente Lula, até a próxima semana.
Obrigado a você, Luciano, e até a próxima semana.



Fonte: Agência Brasil