Mestres da Cultura reivindicam pelo registro do reisado

O reconhecimento do reisado como patrimônio brasileiro foi reinvindicado em seminário no IV Encontro Mestres do Mundo, encerrado no último sábado.


 


Por: Dawlton Moura.

Coordenado pela Comissão Cearense de Folclore e realizado no Memorial Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, o seminário ´Discutindo Políticas Públicas para o Patrimônio Imaterial´ girou em torno da importância da cultura popular tradicional – em contraposição ao conteúdos expostos ´na grande mídia´ – e de quais seriam os caminhos para buscar mais e melhores políticas públicas para o ´ patrimônio imaterial´. Em uma mesa marcada mais pelo consenso que pelo contraste, uma reivindicação: o reconhecimento oficial do reisado como patrimônio cultural brasileiro.


 


´O registro do reisado como patrimônio, assim como já acontece com a capoeira, por exemplo, é de grande importância´, sugeriu o teatrólogo e pesquisador Oswald Barroso, cobrando que o evento encaminhasse essa reivindicação ao Ministério da Cultura e ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).


 


´O reisado é um folguedo que se desenvolve no Brasil inteiro, com uma variedade imensa e uma importância enorme para as diversas artes´, justificou Oswald. ´Mapear essa manifestação, para esse processo de registro seria um desafio enorme, dada a sua complexidade e diversidade´, concluiu o pesquisador cearense.


 


Fazendo coro com o colega de debate, a musicista e professora Izaíra Silvino citou o reisado para ilustrar o que considera um preocupante distanciamento das novas gerações com manifestações tradicionais. ´Precisamos lutar para que os mestres da cultura estejam dentro das escolas, passando esse patrimônio imaterial. O saber oral, a capacidade de brincar, é a maior escola do ser humano´, ressaltou Izaíra. ´E por que os mestres não estão na escola? Enquanto isso, a gente vê os jovens olhando o reisado e rindo, porque eles não sabem o que é aquilo´, acrescentou.


 


Izaíra ainda procurou relativizar o fato de um pequeno público assistir ao debate – cerca de 50 pessoas, pouco para as dimensões do auditório –, destacando a importância da presença de cada um. ´Todos nós somos plantadores, gestores, produtores´, afirmou. ´As políticas públicas só serão voltadas para as coisas certas quando nós exigirmos que seja assim´.


 


O secretário de Cultura de Juazeiro do Norte, Renato Dantas, se somou à cobrança pelo reconhecimento oficial do reisado. ´Um dos grandes objetivos desse seminário é deixar essa idéia e levá-la ao plano nacional, através do Ministério e do Iphan´.


 


'Reivindicação justa'


 


Representante o Ministério da Cultura no evento, Ricardo Lira elogiou a idéia de registro do reisado como patrimônio cultural brasileiro. ´Acho uma reivindicação viável e completamente justa. Agora, como o reisado é nacional, o Encontro deve encaminhar ao Ministério da Cultura uma moção solicitando essa medida ao Iphan´.


 


O IV Encontro dos Mestres do Mundo, pela primeira vez promovido na região do Cariri e realizado em paralelo com o III Seminário Nacional de Culturas Populares, reuniu, de terça a sábado, os mestres da cultura tradicional popular cearense (´Tesouros Vivos da Cultura´) e mestres convidados de diversos estados. O evento foi realizado pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado, com promoção do Instituto de Arte e Cultura do Ceará e patrocínio da Caixa Econômica Federal.