Deputados vão pressionar o governo por medidas anticrise no PIM
Os parlamentares da Comissão do Trabalho da Câmara dos Deputados vão cobrar do governo federal que acelere as medidas de proteção ao emprego nas indústrias do Pólo Industrial de Manaus
Publicado 16/12/2008 20:19 | Editado 04/03/2020 16:13
No caso da motocicleta, a medidas já está em estudo pelo governo federal, mas os parlamentares querem agilizar o processo. Para isso, a deputada federal Vanessa Grazziotin (PCdoB) propôs na audiência pública desta terça (16), em Brasília, que debateu os efeitos da crise no PIM e suas conseqüências para manutenção do emprego, que a comissão encaminhe ao governo um indicativo contendo essas reivindicações.
A deputada disse que as medidas são justificáveis pelo que representa a economia local para o Brasil. Ela destacou que somente o Amazonas é responsável por 60% de toda a arrecadação federal na região Norte. Por isso, ela lamentou a ausência de um representante do ministério da Fazenda na reunião.
O presidente da Comissão do Trabalho, Pedro Fernandes (PTB-MA), disse que era um aliado da Zona Franca de Manaus. Ele lamentou a pouca presença de parlamentares, mas acrescentou que iria encaminhar as decisões e conteúdo dos debates para cada deputado. Fernandes disse que a iniciativa de debater a questão do emprego era oportuna para uma região que necessita de maior investimento.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, o PIM fechará o ano com mais de 14 mil trabalhadores demitidos, 20,5% em relação ao ano passado. Como já vinha crescendo acima da expectativa, até outubro deste ano foram registrados 113 mil empregos diretos nas indústrias, maior 4,5% do que em 2007 que fechou o ano com 104 mil empregos.
O representante da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Gilmar Freitas, acentuou que se não fosse a crise financeira o PIM estaria comemorando o crescimento. “Nem por isso, deixamos de apresentar de janeiro a outubro um faturamento de US$ 26 bilhões com previsão de até o final do ano ultrapassar os US$ 30 bilhões, o maior durante toda a existência da Zona Franca de Manaus”, disse.
Gilmar Freitas afirmou que ao contrário do paraíso fiscal, como é chamada a Zona Franca, o modelo deveria ser conhecido como paraíso do fisco. As indústrias devem fechar o ano com o recolhimento em impostos federais de R$ 6,9 bilhões, 12% acima do que foi arrecadado no ano passado. Para os cofres do estado a soma deve chegar a R$ 5 bilhões.
O grande problema, segundo ele, é o alarmismo propagado pela mídia que faz com que as empresas adiem os seus investimentos, o que prejudica a geração de empregos. “Se a população do Brasil entrar na onda do pessimismo, o PIM será afetado. Isso porque o nosso grande objetivo é o mercado interno”, afirmou.
Para o representante do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Saleh Hamdeh, o grande problema diante da crise é que a base dos produtos do PIM é de bens de consumo duráveis, que depende diretamente do crédito.
“A pressão do dólar no nosso entendimento é outro problema. Sabemos que o governo está adotando medidas, mas não sabemos qual o patamar em que o dólar vai se acomodar”, disse Hamdeh. As indústrias usam dólar na transação para adquirirem insumos. Ele disse que os empresários estão em compasso de espera e vão avaliar os efeitos da crise no primeiro semestre do próximo ano. “Até lá estamos otimista que não passe disso”.
O representante da Força Sindical, Carlos Lacerda, fez duras críticas ao governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que é contra a prorrogação da Zona Franca de Manaus. O sindicalista também não poupou o embaixador Celso Amorim por não se posicionar contra a importação de produtos chineses para o mercado brasileiro.
Mais de 300 milhões de canetas daquele país invadiram o mercado brasileiro enquanto a fábrica da BIC, que emprega mais de 2 mil trabalhadores no PIM, estão fechando as portas. Lacerda disse que a prática da pirataria também é a grande responsável pela perda dos empregos nas indústrias locais.
Participaram ainda da audiência, o representante do Ministério do Trabalho e Emprego, Marcos Ribeiro e o da Associação das Indústrias e Empresas de Serviços do Pólo Industrial do Amazonas (Aficam), Raimundo Noronha. Este último fez uma longa exposição sobre as condições estruturais do capitalismo.
Assessoria de Imprensa
do gabinete da deputada federal Vanessa Grazziotin (PCdoB)