Crise e integração regional na pauta da Cúpula Social do Mercosul

A integração dos países latino americanos também está sendo discutida na Cúpula Social do Mercosul, que reúne representantes da sociedade civil e dos governos do bloco no hotel Pestana,

Ao fazer um retrospecto sobre a situação mundial antes da crise econômica, Biancarelli falou dos vários sinais apresentados pelo mercado, que demonstravam que a crise era eminente.  O professor da Unicamp argumentou ainda que a crise vai desmontar o mercado comercial e financeiro mundial, diminuindo o crescimento de países emergentes como o Brasil e a China, o que vai impactar de forma muito forte na integração da América Latina, que será cada vez mais necessária.


 


 


Para Biancarelli, a crise pode ser uma excelente oportunidade para alavancar a integração regional, pois haverá a escassez de financiamentos internacionais, o vai contribuir para aumentar a demanda pela implementação de mecanismos como o Banco do Sul, para fomentar o desenvolvimento da região. “Esta pode ser a grande oportunidade da América Latina dá um passo fundamental para se livrar da influência de instituições como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Basta que os governos deixem de lado o individualismo e trabalhem juntos para sair fortalecidos desta crise. A integração é um processo político e cabe aos governos perceber o quanto isto é importante para todos os países da região”, declarou.


 


 


Falando de São Paulo, pelo celular, o economista Luiz Gonzaga Belluzo desmontou os argumentos dos bancos centrais dos Estados Unidos e da Europa de que não era possível prevê nem evitar a crise financeira atual. Para ele, a situação da economia mundial nos últimos cinco anos antecipava esta crise, que foi provocada pela ideologia de que o mercado financeiro é capaz de se auto-regulamentar. “Foi essa visão de liberalização do mercado que causou este problema, que hoje atinge exatamente os países que têm menos condições de se desenvolver. O Brasil, por exemplo, fez uma política monetária prudente e ainda assim não conseguiu impedir a desvalorização do Real”, afirmou.


 


 


Belluzo defende a integração regional como fundamental para os países da América Latina. “Nunca foi tão importante como a agora para nossa região fazer a integração estrutural, financeira e produtiva. Precisamos criar um banco comum que possa investir no desenvolvimento da região. Não apenas no desenvolvimento econômico, mas acima de tudo na parte social. Precisamos cobrar dos governos que comecem o processo de integração, que costuma ser muito longo”, enfatizou.


 


 


O governo brasileiro foi representado no painel por Renato Martins, da Secretária da Presidência da República, que reafirmou a importância da sociedade civil nos debates sobre a integração regional. “A participação dos movimentos sociais vai trazer o aspecto humano para a discussão, que vai muito além da integração financeira. Sem a participação do movimento social o Mercosul não vai avançar, pois tem muitos adversários, inclusive no Brasil. Precisamos avançar na discussão de mecanismos como o Banco do Sul e o Fundo de financiamento, que vai permitir o desenvolvimento de pequenas e médias empresas em todos os países do bloco. Com isso serão gerados mais empregos e renda para o nosso povo, que é um passo muito importante para o crescimento regional“, acrescentou.


 


 


De Salvador,


Eliane Costa