Esquerda discute alternativas para a crise em Salvador
As alternativas dos partidos de esquerda para que o Brasil supere a crise financeira internacional foram discutidas nesta terça-feira (16/12), em Salvador. O seminário, organizando conjuntamente pelo PCdoB, PT e PSB, reuniu militantes das três legendas no
Publicado 16/12/2008 18:57 | Editado 04/03/2020 16:21
“Todos nós sabemos que a crise já chegou e vai ser longa e profunda”, assim Saul Escobar começou sua explanação sobre a crise financeira internacional. Para o mexicano, o mundo vai mudar depois da crise, com uma nova correlação de forças, que atingiu bastante o mercado dos Estados Unidos e da Europa, assim como os países em desenvolvimento, que não têm como enfrentar o problema. Esta crise serviu para mostrar que o mercado não pode se auto-regular. Que a intervenção do Estado é necessária, mesmo em economias mais sólidas. “Todo este processo mostra que temos que rever as estruturas de organismos multilaterais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, que não estão conseguindo intervir para amenizar as conseqüências da crise”, acrescentou.
Para o economista Renildo Souza, pela sua origem e força, a crise atual coloca o mundo em uma situação nunca antes enfrentada. “Apesar de semelhança entre a crise atual e a de 1929, posso afirmar que esta tem conseqüências bem maiores, pois os impactos financeiros e políticos atingem todo o planeta. Ela é diferente também porque decreta o fim da unilateralidade dos EUA nas decisões econômicas e a abre a chance para que os países da América Latina possam sair da crise sem abrir mão do desenvolvimento. Esta é a hora ideal para investir em mecanismos importantes como o Mercosul, Unasul, Alba e o próprio Banco do Sul para fomentar o desenvolvimento da região”, afirmou Renildo.
Já o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, acredita que a crise não vai atingir de forma homogênea os países. Nem os pertencentes à mesma região geográfica, pois isso vai depender do grau de relação de cada nação com a economia norte americana. “As medidas conjuntas são muito importantes, mas cada governo precisará identificar a forma mais acertada de enfrentar o problema. No Brasil, por exemplo, o governo Lula tem se posicionado no sentido de reduzir impostos, garantir empregos, valorizar salários e estimular o crédito. Estas medidas, juntamente com uma discussão política com a sociedade representam a saída mais correta para a crise”, concluiu.
O debate prosseguiu durante toda a tarde com as intervenções do economista Carlos Lessa, ex-presidente do BNDES; do secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, e do presidente do PCdoB, Renato Rabelo.
De Salvador,
Eliane Costa