Para Raúl Castro, ordem econômica prejudica integração
O presidente cubano Raúl Castro afirmou nesta terça-feira (16) que a ordem econômica internacional — por seu caráter ''injusto e egoísta'' — é um obstáculo para a integração econômica da América Latina, ao discursar como convidado na abertura da 36ª Cúpul
Publicado 16/12/2008 17:17
Raúl Castro, que transmitiu aos presentes uma saudação de seu irmão Fidel, disse que, na ilha caribenha,todos acompanham ''com justificável otimismo'' o empenho dos países do Mercosul ''a favor de sua integração, complementação econômica e defesa de seu espaço regional'', mas advertiu que o caminho está cheio de obstáculos.
''Sabemos que o propósito reúne esforços, tem no caminho obstáculos nada desprezíveis, entre eles os efeitos de uma ordem econômica internacional injusta e egoísta que favorece os países desenvolvidos e os interesses das grandes corporações transnacionais'', disse.
Nesse sentido, o presidente cubano disse que a crise financeira e econômica atual é a ''manifestação mais grave e indubitável'' do sistema. ''A vontade de integração na América Latina tropeça também nas reconhecidas desigualdades nos níveis de desenvolvimento, na insuficiente infra-estrutura, nas grandes injustiças sociais e nas imensas disparidades de receita'', advertiu.
No entanto, Raúl Castro disse que Cuba também observa com satisfação os passos para avançar rumo à integração, com políticas que dão prioridade a programas sociais e de infra-estrutura, à complementação econômica e produtiva, e à redução das assimetrias.
Cúpulas
Além de participar como convidado na Cúpula do Mercosul na Costa do Sauípe, na Bahia, Raúl Castro estará na Cúpula da América Latina e do Caribe e em uma do Grupo do Rio na qual será formalizada a entrada de Cuba nesse mecanismo de coordenação política.
Raúl — cuja participação como convidado foi saudada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva — disse que esta reunião ''oferece uma oportunidade'' de colocar ''amplos propósitos, com uma dimensão própria'', de acordo com as ''preocupações e interesses comuns''.
Também destacou que o Mercosul e outras iniciativas como a Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) e a Comunidade do Caribe (Caricom) ''dispõem de uma experiência e autoridade merecida'' que ''servem de base e referência para tudo aquilo'' que se quiser construir.
Raúl Castro convidou os outros presidentes reunidos a continuar avançando pelo caminho da integração da América, para que não se limitem ao prazer de terem se reunido.
Relação com os EUA
Raúl disse também estar disposto a a negociar o restabelecimento das relações da ilha com os Estados Unidos, mas somente se o diálogo com o presidente eleito Barack Obama ocorrer ''em igualdade de condições''.
''Se isso não for resolvido, esperaremos outros 50 anos. Se Obama quiser discutir, discutimos; se não quiser, não discutimos'', disse. Ele destacou, porém, que ainda não recebeu qualquer mensagem da equipe de Obama, que assume o governo dos Estados Unidos no dia 20 de janeiro.
Sobre a possibilidade de a Casa Branca fazer alguma exigência prévia para a reaproximação, Raúl foi taxativo. Disse que acabou a época dos ''gestos unilaterais''. ''É gesto por gesto ou nada'', advertiu.
Da redação, com agências