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Para Raúl Castro, ordem econômica prejudica integração

O presidente cubano Raúl Castro afirmou nesta terça-feira (16) que a ordem econômica internacional — por seu caráter ''injusto e egoísta'' — é um obstáculo para a integração econômica da América Latina, ao discursar como convidado na abertura da 36ª Cúpul

Raúl Castro, que transmitiu aos presentes uma saudação de seu irmão Fidel, disse que, na ilha caribenha,todos  acompanham ''com justificável otimismo'' o empenho dos países do Mercosul ''a favor de sua integração, complementação econômica e defesa de seu espaço regional'', mas advertiu que o caminho está cheio de obstáculos.



''Sabemos que o propósito reúne esforços, tem no caminho obstáculos nada desprezíveis, entre eles os efeitos de uma ordem econômica internacional injusta e egoísta que favorece os países desenvolvidos e os interesses das grandes corporações transnacionais'', disse.



Nesse sentido, o presidente cubano disse que a crise financeira e econômica atual é a ''manifestação mais grave e indubitável'' do sistema. ''A vontade de integração na América Latina tropeça também nas reconhecidas desigualdades nos níveis de desenvolvimento, na insuficiente infra-estrutura, nas grandes injustiças sociais e nas imensas disparidades de receita'', advertiu.



No entanto, Raúl Castro disse que Cuba também observa com satisfação os passos para avançar rumo à integração, com políticas que dão prioridade a programas sociais e de infra-estrutura, à complementação econômica e produtiva, e à redução das assimetrias.



Cúpulas



Além de participar como convidado na Cúpula do Mercosul na Costa do Sauípe, na Bahia, Raúl Castro estará na Cúpula da América Latina e do Caribe e em uma do Grupo do Rio na qual será formalizada a entrada de Cuba nesse mecanismo de coordenação política.



Raúl — cuja participação como convidado foi saudada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva — disse que esta reunião ''oferece uma oportunidade'' de colocar ''amplos propósitos, com uma dimensão própria'', de acordo com as ''preocupações e interesses comuns''.



Também destacou que o Mercosul e outras iniciativas como a Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba) e a Comunidade do Caribe (Caricom) ''dispõem de uma experiência e autoridade merecida'' que ''servem de base e referência para tudo aquilo'' que se quiser construir.



Raúl Castro convidou os outros presidentes reunidos a continuar avançando pelo caminho da integração da América, para que não se limitem ao prazer de terem se reunido.



Relação com os EUA



Raúl disse também estar disposto a a negociar o restabelecimento das relações da ilha com os Estados Unidos, mas somente se o diálogo com o presidente eleito Barack Obama ocorrer ''em igualdade de condições''.



''Se isso não for resolvido, esperaremos outros 50 anos. Se Obama quiser discutir, discutimos; se não quiser, não discutimos'', disse. Ele destacou, porém, que ainda não recebeu qualquer mensagem da equipe de Obama, que assume o governo dos Estados Unidos no dia 20 de janeiro.



Sobre a possibilidade de a Casa Branca fazer alguma exigência prévia para a reaproximação, Raúl foi taxativo. Disse que acabou a época dos ''gestos unilaterais''. ''É gesto por gesto ou nada'', advertiu.



Da redação, com agências