Escola Nacional do PCdoB quer superar crise da teoria marxista
O desafio de formar militantes pelo marxismo sem perder de vista a realidade atual tem sido uma preocupação constante da Escola Nacional do PCdoB. Com base nessa premissa, 103 professores de 24 estados se reuniram em Atibaia, entre os dias 19 e 23, para a
Publicado 29/01/2009 19:44
O vício do dogmatismo, enfatizou o dirigente, “enrijeceu o marxismo” e a Escola Nacional “vem dando sua contribuição para a superação da crise da teoria revolucionária”. Monteiro ressaltou que para isso “é necessário que façamos a difusão das categorias e princípios da teoria marxista e, ao mesmo tempo, com base neles, busquemos interpretar a realidade brasileira e mundial, fazendo um esforço de tratar das grandes questões teóricas e políticas de nosso tempo”.
Do ponto de vista da estruturação, Monteiro avalia que o encontro deu mais um passo no processo de consolidação do projeto de relançamento da Escola Nacional, fixado há quatro anos. “Podemos afirmar que de fato a Escola conseguiu se firmar e está em plena atividade”, explica.
Para Monteiro, isso pode ser constatado a partir de quatro resultados obtidos pela Escola: o estabelecimento de uma estrutura curricular, com os níveis 1 e 2, e a elaboração, em andamento, do nível 3; a formação de mais de 100 professores em todos os estados; o fortalecimento da coordenação nacional com investimentos em recursos humanos e materiais e, por fim, a consolidação de dez seções estaduais (Acre, Amazonas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo), além da perspectiva de estruturação de outras cinco.
Satisfeito com os resultados e confiante no futuro da formação, Monteiro diz que “a Escola tem apresentado resultados importantes e já começa a responder ao imenso desafio de formar um partido que conta com mais de 200 mil filiados e caminha para ter 100 mil militantes”.
De acordo com o secretário de Formação, em 2007, por exemplo, a Escola realizou cursos intensivos de formação de quadros intermediários que contemplou mais de mil militantes pelo país. No ano seguinte, o curso nacional, feito em janeiro, reuniu cerca de 180 quadros de comitês estaduais e das frentes de massa. Além disso, o Curso Básico em Vídeo “foi aplicado massivamente, atingindo mais de três mil militantes de base”, lembrou.
O ano de 2009 é marcado pelo 12º Congresso do partido, o que fará com que a Escola desenvolva uma agenda de atividades voltadas para os temas em debate. “De cara, devem acontecer 11 cursos de nível 2, em 11 capitais”, afirmou Monteiro.
Elaboração de conteúdo
Analisando o 6º Encontro de Professores sob o aspecto pedagógico, a coordenadora geral da Escola, Nereide Saviani, enfatizou a divisão entre atividades em núcleos – Filosofia, Estado/Classes, Economia Política & Desenvolvimento, Socialismo e Partido – e as atividades gerais, que reunia professores de todos os núcleos. “As palestras e debates promoveram uma visão ampla sobre temas fundamentais para a formação dos comunistas, enquanto as reuniões de núcleos serviram para que os professores aprofundassem os temas ligados à sua área e para que se discutissem os assuntos ligados ao nível 3, que deverá ter um curso-piloto neste ano”.
Dessa forma, os professores puderam opinar sobre o conteúdo e a dinâmica das aulas. “Foram contribuições muito ricas para a elaboração de nosso currículo. E desta vez, como as turmas foram menores, houve maior diálogo entre os professores da Escola Nacional e os das seções estaduais, o que possibilitou diagnosticar as defasagens e corrigi-las”. Além disso, Nereide destacou que os professores “se colocaram na posição de quem está olhando o currículo em seu conjunto. Isso é fundamental porque eles devem, de fato, acompanhar a elaboração do currículo que seguirão em suas aulas”.
Por outro lado, Nereide aponta o que considera ser o principal aspecto negativo do curso: a baixa presença de mulheres. O percentual não atingiu o mínimo de 30% estipulado pelo partido como meta básica para a maior inserção feminina na vida partidária. “Havia 77 homens (74,8%) e 26 mulheres (25,2%). No núcleo de economia, por exemplo, havia 22 homens e apenas uma mulher. É um quadro preocupante. Vamos alertar as seções estaduais para que fomentem a participação das mulheres nos cursos locais, aumentando assim o percentual nacionalmente”.
Agora que a Escola Nacional está mais bem estruturada em sua grade, a direção pretende aprimorar outras frentes ainda desguarnecidas. “Com o currículo fechado, vamos investir em material didático e cursos à distância porque num país com as dimensões do Brasil, os cursos presenciais ainda são insuficientes para formar nossos milhares de filiados”.
De São Paulo,
Priscila Lobregatte