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Petrobras encontra novas reservas de gás na Bolívia

A Petrobras encontrou na Bolívia, a 5.100 metros de profundidade, uma camada de rocha porosa sob a qual técnicos da empresa acreditam estar uma nova e grande reserva de gás natural.

A prospecção fica no bloco exploratório de Ingre, no Departamento de Chuquisaca, centro-sul do país. Por meio de um comunicado, a empresa disse só que o projeto está em fase de perfuração. “No momento, não é possível fazer qualquer estimativa sobre a existência ou não de hidrocarbonetos e, por esta razão, não é possível estimar volumes nem prazos de produção.”



Os trabalhos de exploração no bloco de Ingre começaram no início de 2008, com um orçamento inicial de US$ 36 milhões. A perspectiva era que a chamada província geológica de Pamir Pampi – onda está o gás boliviano – fosse encontrada a pouco mais de 4 mil metros.



Na avaliação de um funcionário da Petrobras ouvido pelo Valor, se a descoberta se confirmar, serão necessários “no mínimo quatro anos para que esse campo entre em operação”. Para a Bolívia, o impacto imediato seria um aumento dos níveis de suas reservas, acrescentou ele. O país tem uma necessidade urgente de ampliar sua produção para cumprir os contratos de venda com seus dois principais clientes, o Brasil e a Argentina.



Mas se Ingre realmente tiver uma grande reserva de gás, a Petrobras terá de avaliar se a Bolívia oferece hoje condições políticas e jurídicas que justifiquem os investimentos necessários e quando iniciar a produção. Atualmente, a Petrobras é a única a fazer perfurações no país.



Na semana passada, o governo do presidente Evo Morales estatizou a empresa de produção de gás Chaco, de capital britânico e argentino. No domingo, os bolivianos aprovaram num referendo a nova Constituição da Bolívia, que entre outros pontos amplia a participação do Estado na economia e impõe duras restrições aos investidores privados – em particular os que exploram recursos naturais.



Cautela



Diante da nova Carta, a estatal russa Gazprom, uma das maiores empresas de gás no mundo, anunciou esta semana que seus planos de investimento na Bolívia estão congelados. O sub-gerente da Gazprom para a América Latina, Julio Velásquez, declarou, segundo a imprensa boliviana, que a estatal russa só definirá o volume de investimentos quando o governo boliviano criar uma sociedade anônima mista, instância necessária para que a estatal russa comece de fato a operar no país. Segundo Velásquez, a demora para a criação da empresa se deve à situação política. “Como empresa, queremos estabilidade jurídica e garantia de investimentos de um país sério”.



Autoridades brasileiras dizem que a Bolívia segue sendo muito importante como fornecedora de gás, já que a produção na Bacia de Santos está longe de começar. Dos 42 milhões de metros cúbicos de gás que a Bolívia produz por dia, o Brasil comprou no ano passado quase 30 milhões. O volume caiu neste início de ano para 24 milhões. Nas palavras de um alto funcionário de Brasília a questão é: “Se o Brasil deixar de comprar da Bolívia, a Bolívia vai à falência, entra colapso em duas semanas. Neste momento é isso o que está em jogo. Assim, será que vale a pena deixar de comprar gás da Bolívia?”



Fonte: Valor Econômico