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Battisti: ''Reafirmo minha condição de perseguido político''

O escritor italiano Cesare Battisti, que teve o asilo político concedido dia 13 pelo ministro Tarso Genro, divulgou nesta sexta-feira (30) uma carta onde contesta as acusações e reafirma sua ''condição de perseguido político''. Na mensagem Battisti reiter

A carta, escrita em português, foi entregue pelo advogado Fábio Antinoro, é dirigida aos jornalistas que acompanham a discussão do caso no Supremo Tribunal Federal. O ex-militante italiano também acusa quatro militantes pelo assassinato do joalheiroTorregiani, e afirma que a bala que deixou o filho de Torregiani paraplégico saiu da arma do próprio pai.



A renomada escritora francesa Fred Vargas, que esteve hoje com Battisti, disse que ele se aborrece com as notícias em que é tachado de terrorista e que o apontam como o autor dos disparos contra o joalheiro Torregiani. Vargas, romacista policial como o próprio Battisti, liderou o movimento na França contra a extradição do escritor, na época em que ele era asilado político naquele país.



Veja a íntegra da carta de Battisti:




''Amigos jornalistas, tenho certeza de que vocês compreendem a difícil situação que estou vivendo desde que soube da concessão do refúgio político no Brasil, e sigo preso, a ansiedade, a tensão e o nervosismo me acompanham.



Quero agradecer o esforço do senador Suplicy, de minha amiga Fred Vargas e de meus advogados para me colocar em contato com a imprensa.



Disse a eles que queria falar com vocês e continuo disposto a falar com vocês.



Agradeço também o interesse de vocês em me ouvir, porque tenho a certeza de que todos vocês buscam publicar a verdade dos fatos.



Mas agora não me sinto bem para atender a todos os jornalistas que me procuram.



Penso nos meus filhos e numa vida normal neste momento.



Estou tão apreensivo com a minha situação que nem mesmo consigo me concentrar na conclusão do livro que estou escrevendo.



Prometo atender a todos os jornalistas que querem me ouvir no momento em que eu me sentir melhor, nos próximos dias.



Reafirmo a minha condição de perseguido político. Não sou responsável por nenhuma das mortes de que me acusam e sei que a dor que elas causaram é imensa ainda hoje.



Fui condenado à revelia, em um processo com acusações feitas há mais de 10 anos, meus advogados de confiança foram presos na época e depois foram fabricadas três falsas procurações que posso comprovar.



Assim como está comprovada a autoria dos assassinatos, especialmente do joalheiro Torregiani, sobre o qual existe publicidade que desmente até mesmo a justiça italiana, dizendo que eu Cesare seria o atirador, quando sabemos pela autoridade da Itália, que os autores são as seguintes pessoas: Memeo, Fatone, Masala e Grimaldi.



Todos colaboradores da justiça, ''arrependidos'', e que o tiro que vitimou o filho do joalheiro foi uma bala do revólver do próprio pai.



Isto é uma das várias publicidades e exemplos das distorções dos fatos acontecidos e que foram veiculados por alguns órgãos de propaganda.



Fui condenado em dois crimes que ocorreram no mesmo dia e quase ao mesmo tempo em cidades distantes, entre si, centenas de quilômetros.



A pessoa que me acusou, foi extremamente torturada, por isso pediu o benefício da lei dos arrenpendidos. Por esses e outros fatos, não posso pagar por aquilo que não fiz.



Espero que minha situação seja compreendida e que eu possa viver em liberdade com a minha família os últimos anos de minha vida.



Com respeito,



Papuda, 30 de janeiro de 2009
Cesare Battisti.''



De Brasília
Gustavo Alves