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Fim dos dias: Schwarzenegger vê Califórnia entrar em colapso

O déficit orçamentário que aparece na calculadora gigante instalada do lado de fora do gabinete do governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, aumenta num ritmo de US$ 500 por segundo: duramente castigado pela recessão, o estado pode quebrar na próxi

''O relógio do déficit'', que o governador mandou colocar em seu gabinete, em Sacramento, capital do estado que governa há mais de cinco anos, chegará em breve aos US$ 40 bilhões. As autoridades locais afirmam que ''a crise orçamentária deixou nosso estado à beira do desastre''.



A Califórnia é o estado mais rico e populoso dos Estados Unidos, com 36,5 milhões de habitantes. Do tamanho da Itália, se fosse um país independentes seria o oitavo maior PIB do mundo.



Há vários meses, Schwarzenegger enfrenta os parlamentares californianos para tentar aprovar um aumento de impostos e cortes nos gastos públicos.



Nos últimos tempos, porém, a situação ficou tão crítica que o secretário de Orçamento da Califórnia, John Chiang, alertou sobre a falta crônica de dinheiro que afetará o estado a partir do dia 1º de fevereiro.



Chiang já decidiu não pagar imediatamente a restituição do imposto de renda. Bolsas escolares também podem deixar de ser pagas e a jornada de trabalho dos funcionários públicos já foi reduzida.



No fim de dezembro, o governador anunciou um decreto estabelecendo dois dias de licença não remunerada para seus empregados, além de ter mencionado a possibilidade de reduzir salários e cortar postos de trabalho.



Como se não bastasse, a agência de classificação financeira Moody's advertiu que estuda reduzir a nota dos créditos estaduais, o que faria aumentar as taxas de juros pagas pelo Estado.



Em uma tentativa de conter a hemorragia, que se agravou ainda mais com a recessão – que diminuiu a renda do governo sem reduzir seus gastos fixos -, Schwarzenegger propôs aumentar os impostos, entre eles, o do valor agregado (IVA). Nos Estados Unidos, porém, são necessários dois terços dos votos da legislatura para sancionar uma lei como esta.



''A verdade é que nosso estado está tão impotente que não conseguimos resolver a crise orçamentária. A verdade é que a Califórnia está em estado de emergência'', afirmou o governador republicano em seu discurso ''A situação do estado'', pronunciado este mês.



Para Jean Ross, diretora do grupo de reflexão independente ''California Budget Project'' (projeto orçamentário da Califórnia), a regra dos dois terços impediu que o estado conseguisse obter o volume de dinheiro suficiente para enfrentar a crise. Ela afirma que o estado ''vai continuar no vermelho até segunda ordem''.



''Nossa bolha imobiliária era maior (que no resto dos EUA), e quando ela estourou, fomos afetados mais duramente'', explicou , observando que ''a maioria dos economistas concordam que sairemos desta situação mais tarde que os demais estados''.



Curiosamente, Schwarzenegger – que é republicano – está tendo dificuldades para convencer os parlamentares de seu próprio partido, tradicionalmente contrários a aumentos de impostos.



Para Kris Vosburgh, diretor de uma associação de defesa dos contribuintes da Califórnia, um aumento dos impostos não pode resolver os problemas orçamentários.



''Se aumentarmos os impostos a situação se agravará, já que não apenas tornaremos mais pesado o fardo do contribuinte, mas também faremos com que o resultado final seja menos renda para a administração, devido à queda da atividade'', argumentou.



Fonte: AFP