Força Sindical: crise vai atrapalhar campanhas salariais
A evolução da crise estrutural do capitalismo deverá prejudicar as campanhas salariais dos trabalhadores que têm data-base no início deste ano, afirma a Força Sindical. No boletim Força Mail desta quarta-feira (4), a central sustenta que haverá u
Publicado 05/02/2009 17:05
Alguns sindicatos garantem que vão lutar para arrancar o total da inflação do período e o ganho real de salário. Outras entidades acreditam que o fundamental neste momento de crise é centrar fogo na garantia de emprego e na manutenção das conquistas sociais.
O cenário ainda é muito nebuloso, pois as negociações na base da Força Sindical ainda não começaram. A central espera grandes embates entre capital e trabalho por ser do conhecimento dos trabalhadores que as empresas lucraram como nunca durante quase todo o ano de 2008.
“Os lucros foram fabulosos”, destaca o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, ao admitir que alguns empresários vão tentar aproveitar a crise para manter ou aumentar suas margens de lucros. Segundo ele, a sugestão, neste caso é radicalizar.
Sindicatos se preparam
“Onde for possível, devemos fazer paralisações relâmpagos, greves e manifestações para exigir salário e manutenção de direitos”, afirma Juruna. Para ele, os setores ou as empresas que comprovarem dificuldades financeiras terão de negociar saídas com os sindicatos de trabalhadores.
Com data-base em março, os 300 mil frentistas do país vão lutar por reposição mais aumento real porque os postos de combustíveis tiveram um bom ano. “Temos dados que mostram que os patrões ganharam muito”, garante Antônio Porcino, presidente da federação da categoria em São Paulo.
“Se for preciso, faremos greve por aumento real e reposição”, declara o tesoureiro da Federação da Alimentação do Estado de São Paulo, Ovídio Garcia Fernandes, que vai negociar a convenção coletiva dos empregados do setor de bebidas quentes e refrigerantes, que têm data base em março. “Não vamos aceitar redução da jornada para rebaixar salário”, completa.
Em Minas Gerais, a instância estadual da Força está orientando os sindicatos a exigir dos patrões a garantia de emprego, informou o presidente da entidade, Rogério Fernandes. “Outra alternativa é repor o INPC em duas parcelas”, diz ele. Em fevereiro, 70 mil empregados da área da saúde vão negociar para fechar a data-base.
Peculiar é a situação dos trabalhadores da construção civil, da alimentação, da indústria extrativa e dos metalúrgicos de Rondônia. O presidente estadual da Força, Antônio Amaral, disse que negociou com os patrões em 2008 um acordo de antecipação de maio (data-base) para fevereiro dos reajustes para os pisos dessas categorias. Assim, os pisos vão ter aumento entre 7,22% e 12%. “Na data-base, em maio, vamos negociar o ganho real e a reposição”, garante.
Falta de mão-de-obra
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo, Antônio de Sousa Ramalho, a economia estará melhor em maio, quando os 275 mil empregados do setor vão fechar a campanha salarial. Dessa forma, será possível negociar um bom reajuste de salário.
Segundo Ramalho, com a previsão de investimentos governamentais de R$ 130 bilhões para a área habitacional, o setor vai reaquecer e voltará enfrentar um grave problema: “Vai faltar de novo mão-de-obra especializada este ano”, diz o sindicalista.