Negociações de aumento salarial dos jornalistas de impresso continuam emperradas
Nesta sexta-feira (20/02) completa um mês que o Sindjorce enviou ao sindicato patronal de impresso, sem obter resposta, ofício contendo a contraproposta dos jornalistas para o encerramento da campanha salarial 2008/2009. “Se não foi enviada, vou ver o
Publicado 18/02/2009 14:56 | Editado 04/03/2020 16:35
A campanha, que se arrasta há quase seis meses, teve sua última rodada de negociação marcada para 22 de janeiro, mas os negociadores patronais desmarcaram o encontro e não mais agendaram outro. A última negociação aconteceu no dia 13 de janeiro, quando os jornalistas recusaram o reajuste de 7,15% e paralisaram a redação do jornal O Povo em protesto contra o impedimento do acesso dos dirigentes sindicais à empresa logo após a reuniu com o patronato.
Nada de retorno
Na próxima sexta-feira, dia 20 de fevereiro, completa um mês sem retorno oficial do sindicato das empresas de jornal impresso à última proposta apresentada pelo Sindicato dos Jornalistas na campanha salarial que se arrasta desde setembro. A última rodada de negociação salarial estava marcada para 22 de janeiro, mas os negociadores patronais desmarcaram o encontro e não mais agendaram outro.
“Desde o dia 20 de janeiro, o Sindjorce espera, e nada de retorno do sindicato patronal, que abandonou a mesa de negociação como se nada estivesse acontecendo. É um desrespeito grande com a categoria”, frisa a presidente do Sindjorce, Déborah Lima.
O presidente do Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Estado do Ceará (Sindjornais), Mauro Sales, procurado nessa terça-feira, 17 de fevereiro, pelo Sindicato dos Jornalistas, disse que a negociação agendada para 22 de janeiro foi desmarcada por duas razões: ele estava impossibilitado de comparecer e “havia o entendimento de que a proposta (do Sindjorce) não cabia”.
Mesmo resistente em aceitar a última proposta do Sindjorce de um piso salarial de R$ 1.267,20 e correção de 9% dos salários acima do piso, Mauro Sales afirmou que uma reunião pode ser agendada para logo depois do feriado de Carnaval, mas não precisou a data.
“Entendemos que já estão praticamente esgotadas as negociações, mas nada impede que sentemos novamente para conversar”. Ele garantiu já ter solicitado à assessoria do sindicato patronal para providenciar a resposta ao ofício encaminhado pelo Sindjorce com a mais recente proposta de reajuste. “Se não foi enviada, vou ver o que aconteceu”. E, embora já tenha passado quase um mês, acrescentou que um novo encontro não foi agendado em função da proximidade com o período carnavalesco e da dificuldade de convidar outros representantes patronais.
A campanha salarial do setor de jornais e revistas vai para o sexto mês se até o fim de fevereiro não houver acordo entre empresários e trabalhadores. A proposta inicial feita pelo Sindjorce, conforme decisão tomada pela categoria em assembléia, era de elevar o piso salarial em 18,09%, nivelando o valor com o piso dos jornalistas que trabalham em empresas de rádio e televisão, que é de R$ 1.360,42. Os patrões não aceitaram, e só têm apresentado percentuais de patamar bastante inferior – primeiramente 5%, depois 5,5%, 6%, 6,3%, e agora 7,15%.
Enquanto isso, em quase todos os estados, as campanhas salariais já se encerraram e com percentuais bem maiores. Apenas para citar alguns do Nordeste: no Rio Grande do Norte, o reajuste foi de 11,22%, na Paraíba chegou a 10% e em Pernambuco foi de 8%, todos acima da inflação.
A indisposição para oferecer um reajuste digno é injustificável, principalmente quando se leva em conta que as duas maiores empresas do setor de impresso no Ceará estão em situação financeira confortável, como mostram os balanços publicados por elas próprias no Diário Oficial do Estado. O jornal O Povo lucrou R$ 1,78 milhão em 2007 e o Diário do Nordeste, sem nenhum novo aporte de investimentos, ampliou o patrimônio líquido em R$ 2,5 milhões no mesmo período.
Representantes dos patrões também voltam atrás na campanha salarial dos gráficos
Não dá para confiar. Os representantes das empresas de comunicação na mesa de negociações das campanhas salariais estão se revelando useiros e vezeiros em faltar com a palavra empenhada. A exemplo do recuo na campanha dos jornalistas de rádio e tevê, os negociadores patronais também voltaram atrás na campanha dos gráficos empregados em jornais e revistas. Primeiro, ofereceram ganho real de 1,02% sobre os pisos, depois voltaram atrás e agora oferecem 0,5%. Uma nova rodada de negociações está marcada para hoje (18/02).
Sem palavra
“Um dos negociadores patronais acatou a proposta de oferecer 1% de ganho real, sobre a inflação; ele disse que era possível”, lembra o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Gráfica, da Comunicação Gráfica e dos Serviços Gráficos do Estado do Ceará (Sintigrace), Rogério Andrade.
Isso foi ainda em 2008. O ano novo chegou e uma nova versão também. “Depois, outro negociador patronal alegou ter havido um ruído de comunicação, mas nós já havíamos divulgado para a categoria, e a categoria não aceita reduzir a proposta que já estava na mesa”, acrescenta o presidente do Sintigrace, para quem o episódio revela, no mínimo, falta de entendimento entre os negociadores patronais.
Em campanha salarial desde novembro, os gráficos, cuja data-base é 1º de janeiro, terão mais uma rodada de negociação, a quinta, nessa quarta-feira, 18 de fevereiro. A categoria quer um reajuste correspondente à inflação dos doze meses que antecedem a data-base de janeiro de 2009, mais 1% de ganho real sobre os pisos salariais – o patronato propõe apenas 0,5% além do percentual da inflação.
Fonte: Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará