Empresas recuam e querem impor perda de direitos conquistados pelos jornalistas de rádio e TV

Empresas recuaram do que haviam acordado com o sindicato e querem extinguir direitos históricos conquistados pelos jornalistas

O que eles dizem não se escreve. Os representantes dos veículos de mídia eletrônica voltaram atrás na segunda rodada de negociações da campanha salarial, ocorrida na última sexta-feira (13/02), e agora querem acabar com direitos trabalhistas que beneficiam jornalistas de rádio e TV. As empresas ofereceram 6,5% de reajuste, além da extinção total ou parcial de diversas cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho de 2009, já aprovadas pelas emissoras na primeira rodada de negociação.


 


O sindicato patronal também voltou atrás na campanha salarial dos gráficos – depois de concordar em oferecer um reajuste com 1,02% de ganho real nos pisos, agora querem dar apenas 0,5%. Enquanto isso, as negociações da campanha salarial dos jornalistas de jornais e revistas estão suspensas há quase um mês por falta de disposição das empresas em dar continuidade. Resumindo: os patrões contrataram o “negociador” profissional Ramon Esteves para emperrar as negociações das categorias de jornalistas e gráficos de jornais.


 


Engodo


 


Não passou de um engodo a sinalização dos representantes patronais em facilitar as negociações da campanha salarial dos jornalistas de rádio e tevê. O que seria um avanço, revelado na primeira rodada de negociação, em 4 de fevereiro, virou um retrocesso no segundo encontro entre sindicato dos trabalhadores e sindicato patronal, ocorrido nove dias depois.


 


Na primeira rodada, o sindicato patronal aprovou todas as cláusulas da Convenção Coletiva de 2009, faltando definir apenas o índice de reajuste dos salários e demais cláusulas econômicas. As empresas ofereciam 6,48%, percentual equivalente à inflação dos 12 meses que antecedem a data-base de 1º de janeiro de 2009, mas seria um reajuste linear, ou seja, aplicado sobre o atual piso salarial (R$ 1.360,42) e os salários acima do piso.


 


O Sindjorce aceitou a proposta patronal, desde que o reajuste incidisse sobre o piso salarial de 2007 (R$ 1.430,54). O valor foi concedido por decisão judicial, publicada após a assinatura da Convenção Coletiva de Trabalho de 2008. Assim, o Sindjorce espera corrigir uma distorção: a proposta patronal significava um reajuste de 6,48% somente para os jornalistas contratados a partir de 2008. Para os empregados antigos, o percentual oferecido pelas empresas representaria um reajuste de apenas 1,26%, tendo em vista o piso salarial de 2007 ser maior do que o de 2008.


 


Contradição


 


Na segunda rodada de negociação, dia 13 último, os representantes do Sindicato das Empresas Proprietárias de Emissoras de Rádio e Televisão do Estado do Ceará (Sindatel) ignoraram os argumentos do Sindjorce e apresentaram uma contraproposta risível: “aumentaram” o percentual de reajuste de 6,48 para 6,5% para pisos e salários acima do piso.



Os prepostos comunicaram que os patrões iriam recorrer contra a sentença normativa do dissídio coletivo de 2007 que estabeleceu piso salarial maior que o da Convenção Coletiva de Trabalho de 2008 e ainda propuseram suspender, até o julgamento do recurso, todas as cláusulas indeferidas por essa decisão.


 


“É uma grande contradição. Os patrões não querem aceitar a proposta de reajuste do piso salarial para 2009 tomando por base a sentença normativa de 2007, mas querem excluir cláusulas trabalhistas indeferidas na mesma decisão judicial que fixou um piso maior”, aponta a presidente do Sindjorce, Déborah Lima.


 


A próxima rodada de negociação da campanha salarial dos jornalistas de mídia eletrônica está marcada para 27 de fevereiro, na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE).


 


Fonte: Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará