Democratas criticam lentidão de Obama para sair do Iraque
Uma boa parte do Partido democrata recebeu com críticas o calendário apresentado pelo presidente Barack Obama nesta sexta0-feira (27) para retirar as tropas dos Estados Unidos que ocupam o Iraque. Os questionamentos se concentraram na manutenção de uma mi
Publicado 28/02/2009 23:33
''Não vejo justificativa para a manutenção dos 50 mnil militares no Iraque'', declarou sexta-feira à noite a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, pouco depois de Obama ter apresentado seu cronograma de retirada do Iraque. ''Talvez 15 mil ou 20 mil soldados sejam suficientes'', acrescentou.
Nancy Pelosi afirmou mais tarde, em comunicado, que quer que o número de militares mantidos no Iraque depois de agosto de 2010 seja ''o menor possível''. Eleita pela rebelde cidade californiana de San Francisco, ela é considerada uma ''liberal'' – termo que no jargão político americano identifica os políticos mais à esquerda.
O líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, disse ao New York Times que não esperava um número tão alto. ''Precisamos manter no Iraque apenas as forças necessárias para garantir a segurança de nossos militares e a dos iraquianos'', afirmou em comunicado.
O senador democrata Robert Menendez, que votou contra a guerra no Iraque em 2002, declarou-se ''preocupado'' com o tamanho do contingente que será mantido no Iraque após agosto de 2010.
A ala esquerda do Partido Democrata foi mais contundente em suas críticas. ''Não se pode ao mesmo tempo deixar tropas para operações militares em um país estrangeiro e defender o fim da guerra'', disparou o Dennis Kucinich, parlamentar de Ohio, que disputou as primárias democratas com Obama, correndo pela esquerda deste.
Republicanos satisfeitos
As críticas democratas deixam prever tensões futuras entre a Casa Branca e o Congresso. Sintomaticamente, a oposição republicana se mostrou mais satisfeita que os democratas com o plano de Obama para o Iraque.
''Este plano é arriscado, mas aceitável'', sentenciou sexta-feira no Senado John McCain, que foi vencido por Obama na eleição presidencial, depois de tentar polarizar a campanha em torno da Guerra do Iraque.
Para McCain, que é membro da comissão dos serviços armados do Senado, os 50 mil militares que permanecerão no Iraque depois de agosto de 2010, conforme o plano de Obama, ''desempenharão um papel crucial, consolidando e dando continuidade aos progressos realizados por nosso Exército desde 2007''.
O líder da bancada republicana no Senado, Mitch McConnell usou de ironia ao saudar a decisão de Obama de ''aderir ao plano do general David Petraeus'', que deu início à estratégia de reforço no Iraque nos primeiros meses de 2007.
O calendário proposto
O cronograma de Obama joga com uma distinção entre ''militares combatentes'' e aqueles usados, por exemplo, em missões de treinamento, proteger projetos de reconstrução civil e conduzir ''operações limitadas de contraterrorismo''. ''Nossa missão de combate no Iraque estará encerrada até o dia 31 de agosto de 2010'', declarou o presidente na sexta-feira, diante de milhares de marines da base de Camp Lejeune, no estado de Carolina do Norte (sudeste dos EUA).
O cronograma apresentado para a retirada das tropas de combates também se prolonga 19 meses, e não os 16 meses prometidos durante a campanha. Barack Obama foi um dos raros políticos americanos que desde o início se posicionou contra a guerra no Iraque, e foi em nome dessa oposição que se lançou inicialmente na corrida presidencial. As reações ao seu plano indicam que ele recebeu os aplausos do lado errado.
Da redação, com agências
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