Volkswagen demitirá 16 mil no mundo; Brasil escapa
O presidente mundial da montadora alemã Volkswagen, Martin Winterkorn, afirmou para a revista Der Spiegel que despedirá ainda neste ano todos os 16,5 mil trabalhadores temporários contratados, devido à crise que afeta o setor automotivo. Os corte
Publicado 28/02/2009 18:54
A Volkswagen do Brasil, emprega mil temporários na unidade de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e 600 na fábrica de Taubaté, no interior de São Paulo, com contratos que vencem na maioria entre setembro e novembro. Mas os contratos temporários desses trabalhadores são firmados diretamente com a Volks e não com intermediárias, e portanto não entram no critério do facão mundial da empresa, segundo informou a assessoria de imprensa da montadora em São Paulo.
Em janeiro, a Volks dispensou 150 temporários da unidade de Taubaté. Ela não descarta que outros contratos possam ser cortados antes do prazo estipulado, mas diz que ainda está estudando a evolução do mercado brasileiro ao longo deste ano para determinar o futuro dos trabalhadores.
Os outros estão seguros ''no momento''
Na entrevista, Winterkorn admite que a demissão de 16 mil não é ''agradável'', mas sustentou que as demissões são ''inevitáveis''. Ele agregou que não vê alternativa para esta decisão.
Winterkorn disse ainda que os empregos do pessoal efetivo da maior montadora de automóveis da Europa ''no momento'' estão seguros e não vê ''nenhum problema''. Mas admitiu que, se a crise perdurar ,se ''pensará em outras coisas''.
Na Alemanha, a Volkswagen empregava no fim de 2008 cerca de 4.500 temporários. Muitas das demais vagas estão na Europa Oriental. A VW emprega no total aproximadamente 330 mil pessoas no mundo.
As vendas do primeiro construtor automobilístico europeu caíram 15% em janeiro e a Volkswagen prevê ainda um recuo de 10% em 2009, enquanto suas ações sofrem fortes quedas (veja o gráfico), embora não tão dramáticas como as das americanas GM e Chrysler. A empresa alemã não exclui a possibilidade de registrar prejuízo no primeiro trimestre.
Polêmica com a ajuda à Opel
Na mesma entrevista o presidente da Volkswagen polemizou com a idéia de ajuda oficial a seu concorrente, a Opel — filial da General Motors na Europa. GM e a Chrysler obtiveram nos Estados Unidos um pacote bilionário de ajuda, nos estertores do governo Bush, para evitar a falência. Agora a GM defende uma solução similar para suas filiais européias.
Winterkorn disse na entrevista que o Estado não deve se converter em ''uma sociedade de resgate para empresas que possivelmente estão próximas da bancarrota''. Há quem acredite que a demissão em massa visou dissuadir o governo de Angela Merkel de ajudar a Opel.
Winterkorn admite que é ''legítimo'' que governo alemão outorgue avais financeiros de forma ''pontual'' a uma empresa, mas ''só durante um tempo de transição''. Ele ainda assinalou que não se pode calcular se a Opel está ameaçada pela falta de liquidez, mas afirma que, se a empresa se declarar insolvente, seria algo ''lamentável''.
Para sindicatos, jogo político
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC afirmou neste sábado (28), por meio da assessoria, que não vê com preocupação com a declaração do presidente mundial da Volkswagen. Segundo o Sindicato, vale o acordo firmado entre empresa e sindicato, de que ao término dos contratos será analisada a necessidade de renovação. Para a entidade do ABC, a declaração de Winterkorn foi política, ligada à disputa da montadora alemã contra a ajuda à Opel.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região concorda. ''É lógico que tem o peso da declaração do presidente da Volkswagen mundial, mas precisamos antes saber qual o reflexo disso no mundo. O Brasil passa por uma reação no setor automotivo. Em Taubaté tivemos negociação positiva dos contratos temporários. Acho que a economia do Brasil não está sujeita a esse impasse'', disse o presidente do sindicato, Isaac do Carmo.
Protesto diante da Opel
Cerca de 15 mil trabalhadores das unidades da Opel na Alemanha participaram de um protesto diante da sede da empresa nesta quinta-feira (26), para pedir a imediata separação da montadora alemã da matriz General Motors. Também os funcionários de outras subsidiárias da GM na Europa, Saab e Vauxhall, fizeram manifestações pela manutenção de seus empregos.
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, vem tratando o assunto com luvas de pelica. Entre pressões desencontradas das empresas, que às vezes se entrecuzam, a chefe de governo disse que iria pensar.
Da redação, com agências