Estadão ataca Aécio e Estado de Minas sai em sua defesa, por Kerison Lopes
A briga dos governadores de São Paulo e de Minas pela vaga tucana de candidato a presidência da República tem gerado interessantes movimentos. O mais recente foi o ataque abaixo da linha da cintura praticado pelo colun
Publicado 04/03/2009 12:40 | Editado 04/03/2020 16:51
Grande parte dos blogs políticos faz comentários nesta semana sobre o artigo publicado no dia 28/02, no qual Chaves critica duramente o governador de Minas pela sua insistência na realização das prévias para a escolha do candidato do PSDB.
O título do texto utiliza-se de um trocadilho de baixo nível: PÓ PÁRA, GOVERNADOR. É só tirar uma vírgula e um acento e temos um duríssimo ataque à vida pessoal de Aécio e aos seus supostos vícios.
O trocadilho utilizado, talvez não por coincidência, é o mesmo da música gospel “Pó pará com pó”, da cantora católica Jake, que se tornou um grande sucesso do Youtube e já contabiliza quase 600 mil acessos.
O mais inusitado nesta história é que a resposta ao colunista não veio do PSDB mineiro e nem do Palácio da Liberdade e, sim, do jornal Estado de Minas, que tomou as dores do governador e chamou Mauro Chaves de bajulador, atacando abaixo da linha cintura também o jornal paulista.
Coube à talentosa e charmosa jornalista Alessandra Mello enviar a resposta de Aécio. Na coluna “Em dia com a política”, do dia 03/03, que Alessandra assina interinamente, aparece sem maiores explicações a seguinte nota, que de tão inusitada vale a pena ler na íntegra:
Mauro Chaves, articulista de O Estado de S. Paulo que se diz jornalista, advogado, escritor, pintor e administrador de empresas, vai colocar no rodapé de seus artigos uma nova credencial: a de bajulador. Com seu texto primário, senil e irresponsável, o novo bajulador não passa de um bobo da corte a serviço de um jornal que há anos procura um comprador.
Ou seja, para defender Aécio, Alessandra, ou quem escreveu e ordenou a publicação da referida nota, usou também um “texto primário, senil e irresponsável”.
O episódio desnuda o comportamento de parte dos veículos da imprensa mineira em relação ao governo estadual. Da auto-censura praticada pelos empresários da comunicação quando Aécio tomou posse, que causou a demissão de mais de uma dezena de jornalistas a mando do Palácio, agora estes veículos passaram a ser instrumentos descarados da campanha do mineiro pela vaga tucana de presidenciável.
Não é comum ver os jornalões brasileiros se atacarem em suas páginas. O total alinhamento do jornal Estado de Minas com o projeto de Aécio apresenta às vezes lances de desespero. Desta vez o alvo foi o Estadão, dias atrás foi a Folha de S. Paulo. Quando o presidente nacional do PSDB Sérgio Guerra se encontrou com Aécio e disse da preferência da cúpula tucana pelo governador paulista e das dificuldades da realização de prévias, a Folha publicou uma matéria que relatava esta conversa.
Já a matéria do Estado de Minas sobre o mesmo fato foi completamente diferente, dando uma versão oposta e completamente favorável a Aécio. Nos dias que se seguiram o jornal mineiro dedicou várias páginas criticando, não em editoriais e sim em matérias, a reportagem da Folha, praticamente exigindo uma retratação.
Estes fatos comprovam a total adesão do jornal Estado de Minas com o projeto de Aécio e dos jornais paulistas com os interesses de José Serra, apesar dos paulistas neste caso serem mais dissimulados.