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Filme sobre Lula retratará o 'homem comum', diz roteirista

Autora do livro Lula, o Filho do Brasil e uma das responsáveis pelo roteiro do filme homônimo, Denise Paraná falou ao Portal da Fundação Perseu Abramo sobre a transposição de sua pesquisa para as telas. O filme, atualmente em fase de filmagem, é

Muitos autores reclamam das adaptações de suas obras para o cinema. No seu caso, além de autora do livro, você fez parte da equipe de roteiristas. Fale um pouco sobre esse processo de adaptação.
Quando o produtor de cinema o Luiz Carlos Barreto, o Barretão, comprou os direitos de adaptação de Lula, o Filho do Brasil e me contratou para fazer o roteiro, em 2005, sua idéia inicial era fazer um documentário. Nessa época escrevi o argumento do filme, que tem seu início em 1945, como nascimento do Lula, e o final em 1980, com a morte de sua mãe, Dona Lindu.


 


Nossa idéia, desde o início, não era fazer um filme político-partidário, mas mostrar uma relação de família que traduz a história do povo brasileiro. Por uma série de motivos nosso projeto teve que ser suspenso e retomado em 2007. Desta vez Barreto optou por fazer um filme com atores, numa superprodução, mas o argumento original foi mantido.


 


Eu e o Daniel Tendler passamos 2008 inteiro trabalhando no roteiro, ele no Rio e eu em São Paulo. Algumas vezes nos reunimos pessoalmente. Em outras, nós nos comunicávamos por e-mail ou pelo Skype. Escrevemos juntos cerca de trezentas páginas que tivemos que enxugar para pouco mais de cem. Mais para o final do ano o Fernando Bonassi passou a trabalhar conosco. O Fábio Barreto, que é o diretor do filme, e o Marcelo Santiago, que é co-diretor, foram também colaboradores no texto.


 


Você acha que o roteiro se manteve fiel à pesquisa que você concretizou no livro? No que diferem o livro e o roteiro?
Literatura e cinema são duas linguagens diferentes. A gente sempre fica com um certo aperto no coração na hora de fazer uma adaptação de um livro para o cinema. Muita, muita coisa fica de fora. Além disso, muita coisa precisa ser dita ou “experimentada” de outra maneira.


 


Foi um processo muito intenso, duro em alguns momentos, mas muito rico. Era comum termos que sintetizar uma série de acontecimentos numa única cena. Neste sentido, tivemos que recriar a realidade, mas nunca nos distanciamos dela.


 


Acho que é importante dizer aqui que, assim como no livro, no filme o personagem Lula não é tratado como um mito — ao contrário, ele é humanizado. Usando a expressão de Guimarães Rosa, Lula aparece um “homem humano”. Mostramos um drama, a parte da vida do Lula que é desconhecida mas que é, ao mesmo tempo, tão comum a milhões e milhões de brasileiros.


 


Roteiro pronto, elenco escolhido, começam as filmagens. O que achou da escolha dos atores? Acha que conseguirão retratar bem a família Silva e sua trajetória?
A escolha dos atores foi excelente. Fábio Barreto optou por um ator que não fosse conhecido pelo grande público para fazer o papel de Lula adulto. Escolheu Rui Ricardo Diaz, um ator de teatro muito experiente que tem impressionado todos nós com sua atuação.


 


Só para fazer o Lula são cinco atores de idades diferentes. No total são 118 atores e mais de 3 mil figurantes. São mais de 60 locações entre Pernambuco e São Paulo, automóveis e figurinos de época para as décadas de 40 a 80.


 


Assim como aconteceu na vida real, no Estádio da Vila Euclides foi recriado um comício do Lula para milhares de trabalhadores, houve cena de enchente, filmada dentro de um pesqueiro, cena de desabamento. É uma superprodução com orçamento recorde de 16 milhões. Barreto tem dito que este é o filme de sua vida. Lula conheceu alguns trechos do roteiro e se emocionou muito. Acredito que o público também vai se emocionar.


 


Os índices de aprovação de Lula nas pesquisas de opinião já chegaram à casa dos 80%. Além do filme, existem outras iniciativas pensadas para aproveitar o momento? Está se pensando em publicar um livro mais popular?
Além do filme, nosso projeto é fazer uma minissérie para a televisão. O livro Lula, o Filho do Brasil vai ganhar uma edição popular, mais enxuta, já que o texto original tem 527 páginas. Vai ser uma forma de popularizar o livro, torná-lo acessível para um público que tem interesse na obra — mas tem menos recursos financeiros e menos tempo para dedicar-se à leitura.


 


Fonte: Fundação Perseu Abramo


 


Leia também: Divulgado o primeiro minuto do filme Lula, o Filho do Brasil. Veja.