Portas fechadas para Pimentel
Dois meses após o término do mandato como prefeito de Belo Horizonte,
Fernando Pimentel (PT) acumulou mais um contratempo. Depois da esperada
perda de espaço político na administração da cidade – mesmo tendo
articulado a candidatura do sucessor, Márcio
Publicado 05/03/2009 09:58 | Editado 04/03/2020 16:51
Ambos já haviam
adotado o discurso de coordenadores da preparação da candidatura da
ministra à sucessão. Lula disse ainda que somente o presidente nacional
do PT, deputado federal Ricardo Berzoini (SP), e dirigentes estaduais
do partido devem tratar da briga pela presidência no ano que vem. O
novo revés de Pimentel, que não foi encontrado para falar sobre o
assunto, foi relatado por petistas aliados dele, com cadeira no
Congresso Nacional.
Não bastassem os problemas que enfrenta dentro do partido, Pimentel está com relações estremecidas com o governador Aécio Neves (PSDB), que, ao lado do ex-prefeito, foi o principal articulador da candidatura de Lacerda. O motivo do afastamento dos dois foram declarações de Pimentel de que o principal rival de Aécio na disputa por candidatura ao Palácio do Planalto dentro do PSDB, o governador de São Paulo, José Serra, seria o nome da legenda para disputar a sucessão de Lula.
Ninguém arrisca a data que Pimentel voltará à tona no partido. Aliados do prefeito garantem que o retorno pode ocorrer somente em 2010, depois das eleições para a presidência nacional do PT, marcadas para o fim de 2009. A volta do ex-prefeito, e também de João Paulo, dependeria do resultado da disputa. O grupo do qual ambos participam conta ainda com o líder do partido na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza (SP). A ala integrada pelos três é a chamada Construindo um Novo Brasil, que terá candidato à sucessão de Berzoini, que pertence ao mesmo campo. O presidente nacional do partido, no entanto, se distanciou do grupo e deve se juntar ao ministro da Justiça, Tarso Genro, da ala chamada Mensagem, para lançar candidato à sua sucessão. Caso Berzoini e o ministro não consigam eleger seu candidato, Pimentel e João Paulo terão vida melhor no partido. Até lá, garantem aliados do ex-prefeito de Belo Horizonte, a estratégia será fazer a chamada “atuação submarina” pró-Dilma. “Berzoini falará oficialmente, enquanto os dois trabalharão nos bastidores”, diz uma fonte.
Frustração
As expectativas do ex-prefeito de Belo Horizonte em permanecer sob os holofotes se consolidaram no aniversário da capital, em 8 de dezembro do ano passado. O presidente, em visita à cidade para inauguração de um conjunto habitacional, não poupou elogios a Pimentel. Os rumores de que o ex-prefeito poderia ocupar cargo no governo federal cresceram com uma série de reuniões que teve com Lula e com Dilma Rousseff. O destino seria a secretaria-executiva do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CNDES). Mas a possível indicação provocou reações contrárias do PTB, partido do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, que acumula o cargo.
Enquanto isso, no campo municipal, partidos que apoiaram a eleição de Lacerda, principalmente o PSDB e o PSB, disputavam com o PT do ex-prefeito indicações para montagem do governo municipal. O partido perdeu, por exemplo, a Secretaria de Saúde, para os tucanos. A pasta é um dos principais destinos de recursos públicos, tanto federais, como estaduais e municipais. Outro exemplo foi a regional Leste, que ficaria com o vice-prefeito Roberto Carvalho (PT), um dos principais aliados de Pimentel, mas acabou nas mãos do PSB.
Por Leonardo Augusto, publicado no jornal Estado de Minas, de 05/03/2009