Messias Pontes – Gilmar Mendes é uma ameaça à democracia (II)

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes (ou Gilmar Dantas, segundo o jornalista Ricardo Noblat), já dissemos no artigo da semana passada, é uma séria ameaça à democracia. O alerta foi feito pelo grande jurista Dalmo de Abreu Dalla

Não é demais lembrar que desde que Gilmar Mendes tomou apaixonadamente a  defesa do megaguabiru Daniel Dantas, dono do banco Opportunity, flagrado pela Operação Satiagraha da Polícia Federal cometendo diversos crimes, que a sociedade brasileira, notadamente o mundo jurídico, vem demonstrando o seu repúdio. Até mesmo o pedido de afastamento do ministro foi pedido em listas que circulam na Internet. Isso sem contar com as inúmeras manifestações de repúdio em todo o País.



Ao conceder dois habeas corpus a Daniel Dantas com a celeridade jamais vista no Brasil, Gilmar Mendes passou a ser chamado, do Oiapoque ao Chuí, de defensor de bandido de colarinho branco. A perseguição ao delegado federal Protógenes Queiroz, ao ex-diretor-geral da Abin Paulo Lacerda, e ao juiz federal Fausto De Sanctis não representa mais novidade para os observadores mais atentos. Atropelar instâncias inferiores, então, passou a ser a regra. Não é à toa que procuradores da República vêm à público condenar a parcialidade e o comportamento de Gilmar Mendes.



É oportuno observar que Gilmar Mendes não age sozinho. Ele é instrumento do tucanato, ou mais precisamente do Coisa Ruim, para fabricar uma crise institucional. Para tanto conta com o irrestrito e incondicional apoio da grande mídia conservadora, venal e golpista, em especial da Rede Globo, da Folha de São Paulo, do Estadão e da Veja, que representam o lixo do jornalismo brasileiro. O alvo do tucanato é o presidente Lula e seu governo.



Quando a famigerada Veja inventou e divulgou uma suposto grampo telefônico no Poder Judiciário envolvendo a Abin, toda essa mídia conservadora, venal e golpista passou a falar em crise institucional. Encorajado por essa mídia, Gilmar Mendes, num ato inusitado, disse que chamaria o presidente Lula “às falas”.



Contando com o apoio do ministro da Defesa, Nelson Jobim, tucano enrustido como ele, o presidente do STF exigiu e conseguiu o afastamento do delegado Protógenes Queiroz do comando da Operação Satiagraha, e do delegado Paulo Lacerda do comando da Abin. Desde então Gilmar Mendes não perde oportunidade de condenar o presidente Lula e a banda boa do seu governo. Tudo para deleite do megaguabiru Daniel Dantas e do Coisa Ruim.



Ao defender os interesses dos latifundiários, criminalizar os movimentos sociais, notadamente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e afirmar que o governo Lula está sendo irresponsável ao apoiar ilicitudes do MST ao financiá-lo, o presidente do STF está tão-somente seguindo à risca a estratégia traçada pelo tucanato visando retornar ao poder político central para concluir o desmonte do Estado que não conseguiu em oito anos.



Agir fora dos autos como Gilmar Mendes não existe na história da magistratura brasileira e mundial. Por isso ele está eticamente impedido de julgar processos contra Daniel Dantas e todo bandido branco e rico; igualmente está impedido de julgar ações contra os movimentos sociais, principalmente o MST. Também está eticamente impedido de julgar ações contra o governo do presidente Lula. Aliás, por sua parcialidade, Gilmar Mendes não tem condições de julgar ninguém. Já deveria estar fora da mais alta Corte de Justiça do País, onde não deveria ter entrado.



Enquanto o presidente do STF “exige” do Ministério Público ação contra os sem-terra, o governador Roberto Requião afirmou, por ocasião da solenidade de formatura de delegados de Polícia do Paraná, que o MST é uma dádiva de Deus. Não é sem razão que o presidente da Comissão Pastoral da Terra, dom Xavier Gilles de Maupeou d’Ableiges, declarou auto e bom som: “Que o Deus da Justiça ilumine o nosso País e o livre de juízes como Gilmar Mendes”. Este falou pela esmagadora maioria dos brasileiros, por todos os homens e mulheres de bem deste País.



Realmente Gilmar Mendes é uma ameaça à democracia!



Messias Pontes é jornalista e colaborador do Vermelho/CE