O PCdoB e a sua regionalização

Em 1990 quando o Partido foi vitorioso no processo eleitoral elegendo nossa primeira representação estadual e participando, ainda que timidamente, do Governo do RS o Partido esboçou um rápido crescimento e também uma certa estrutura mais regionalizada. Naquele momento chegamos a “constituir” o Partido em mais de uma centena de cidades.

“O Partido foi constituído em 108 municípios e realizou convenções em 73 e na época a legislação obrigava a constituição do Partido em 67 cidades do RS.” Jornal Tribuna Gaúcha – abril/1991

Infelizmente por conta de nossa pouca estrutura e tradição, bem como por questões de ordem política o Partido não manteve esse conjunto de comitês municipais. Tampouco insistiu no tema da regionalização como forma de ampliar e manter suas estruturas partidárias. Para se ter uma idéia em 2008 tivemos candidaturas a vereador em 91 cidades.

Agora novamente o tema da regionalização do Partido volta a fazer parte de nossa agenda política e passa a ser debatido nos fóruns estaduais do PCdoB. É indiscutível que quando o Partido se regionaliza se fortalece e consegue implementar melhor nossa ação prática, nossa política e nossas idéias.

O fato de termos acertado o posicionamento político do Partido nos últimos anos vem fazendo com que muitas lideranças de esquerda vejam o PCdoB como alternativa política no interior do RS, coisa que não acontecia com a mesma intensidade em anos anteriores. A defesa do socialismo durante a crise dos anos 90, a eleição, (ainda que com só uma cadeira) e nossa atuação na Assembléia Legislativa, desde 1991, a eleição do nosso mandato federal com grande votação e o fortalecimento do Partido em regiões estratégicas do RS vai criando um caldo político que qualificou nossa presença no cenário político.

O PCdoB, que até a pouco tempo tinha maior tradição em centros urbanos fortes, cidades médias, operarias e universitárias, passou a aparecer no mapa político em cidades pequenas o que criou a demanda pela regionalização.

Por conta disso é preciso aproveitar o momento e fincar bem forte a bandeira vermelha, da foice e do martelo onde for possível.

Neste sentido quero contribuir com algumas sugestões de como o Partido poderá planejar a chamada regionalização. Temos que colher do aprendizado da experiência dos partidos tradicionais como o PMDB, PDT, PP, bem como com o PT. Todas essas forças atuam de forma regionalizada. Por isso, devemos estudar suas formas de estruturação e tirar lições para um Partido como o nosso, de novo tipo, de renovação e permanência, que seja a expressão concreta da nossa linha de acumulação de força que seja a cara do nosso povo um partido inserido nas lutas e peculiaridades regionais. Essa proposta de regionalização deve refletir a construção de uma organização revolucionária com um projeto unitário comum a todo o partido.

Um partido reconhecido como a força que luta pelo um projeto nacional e pelo socialismo em cada cidade de cada uma das regiões.

Atuar de forma regionalizada nos traz benefícios que não podemos abrir mão:

a) Permite conhecer melhor a realidade política, econômica, cultural, social de cada região;
b) Possibilita ao Partido maior visibilidade como força política estadual pois o interior também reflete na capital;
c) A partir do trabalho em uma cidade, podemos chegar em outras (num efeito dominó), as vezes o militante mora numa cidade, trabalha em outra e estuda em uma terceira, etc…;
d) Facilita as tarefas partidárias nas frentes em que atuamos sindical, juventude, movimento comunitário, bem como nas eleições.
e) Permite o fortalecimento dos núcleos de direção;
f) Facilita a comunicação e o trabalho de formação da escola;
g) Permite que a nossa política chegue aos municípios com a presença de dirigentes estaduais.
h) Deverá melhor estruturar a participação dos militantes e dos que ingressam no em nossa organização.

Além de criar fóruns regionais e definir geopoliticamente a abrangência de cada região bem como a forma de atuação dessas regionais o Partido deve tomar a seguinte iniciativa:

Organizar uma caravana (Caravana 65) por todas as regiões do Estado com a participação das nossas principais lideranças, Manuela, Jussara, Raul, Adalberto. Esta caravana cumpriria o papel de fortalecer o Partido onde já existe, montar o partido em cidades já articuladas, criar o partido em cidades onde não existimos, (estratégicas para nossa política) cidades com concentração operaria, população universitária e pólos regionais).

Filiar em massa para o partido, fazendo uma grande campanha de filiação com metas para cada região. Ocupar espaço na mídia criando um fato político, movimentar o partido em todo Estado debatendo temas como a Crise do capitalismo, governo Lula, Socialismo.

Filiar lideranças juvenis, sindicais, intelectuais e eleitorais, preparar nossa chapa própria para federal e estadual. Divulgar o congresso do partido e nossas principais bandeiras. Fazer desta caravana uma verdadeira pré-campanha filiando milhares, divulgando nossas idéias, nosso numero, e distribuindo peças de propaganda como adesivos. cartazes, botons, bandeiras. Em cada região lideranças devem ser listadas para a campanha de filiação preparando nossa chapa própria (ex-prefeitos, ex-candidatos a prefeito, suplentes de vereador, ex-vereadores, lideranças populares, sindicais e juvenis).

A minha sugestão de divisão regional do Partido, partindo da realidade do nosso tamanho hoje, é que tenhamos de 8 a 10 regiões. Esta divisão leva em conta os seguintes critérios:

a) Principais núcleos do Partido por regiões. Ex.: Caxias, Ijui / Cruz Alta, Passo Fundo, Pelotas/Rio Grande, Santa Maria/Cachoeira, Porto Alegre/Metropolitana.

b) Divisão geográfica tradicional do RS – municípios pólo que são referencia política, cultural, econômica, comunicações (TV, Rádio, Jornal), pólos educacionais e de saúde.

Juliano Roso
Vereador PCdoB Passo Fundo
Membro do Comitê Estadual