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ONU critica postura de Bento XVI contra preservativos

O Programa das Nações Unidas para a Aids (OnuAids) afirmou nesta quarta-feira (18) que os preservativos são um componente essencial da luta contra a doença, em repúdio às insinuações do papa Bento XVI, que afirmou que o uso de preservativos “agrav

“Os preservativos são uma parte essencial da prevenção” que compreende um grande leque de medidas sociais, comportamentais e médicas, afirmou a organização em um comunicado.



“Com mais de 7.400 infecções a mais por dia, o mundo não pode deter a epidemia de Aids sem pôr fim às novas infecções por HIV”, acrescentou.



Para a organização, que tem sua sede em Genebra, não existe “fórmula mágica” que permita conter a epidemia.



No primeiro dia de sua visita à África, Bento XVI resolveu dizer na terça-feira que o problema da propagação da Aids não se pode resolve com a utilização de preservativos, chegando a afirmar que o uso deles “agravava o problema”.



O papa chegou a dizer que a solução passava por “um despertar espiritual e humano” e pela “compaixão por quem sofre”, tornando a abrir sua polêmica campanha contra contra o uso de preservativos.



A OnuAids frisou que os esforços em matéria de prevenção e de tratamento começavam a gerar seus efeitos “em vários países”, incluindo alguns países mais afetados da África.



França reage oficialmente



O governo francês reagiu às declarações do papa católico, condenando suas declarações, que foram tomadas como “uma ameaça”.



“Enquanto não cabe a nós julgar a doutrina da Igreja, consideramos que tais comentários são uma ameaça às políticas de saúde pública e a obrigação de proteger a vida humana”, disse o porta-voz do ministro das Relações Exteriores francês, Eric Chevalier.



As declarações do papa causaram espanto em ativistas que dizem que o uso de preservativos é um dos únicos métodos comprovadamente eficazes de combate à doença.



“A oposição dele aos preservativos indica que dogmas religiosos são mais importantes para ele do que as vidas dos africanos”, afirma Rebecca Hodes, da ONG sul-africana de combate à Aids Treatment Action Campaign.



Se calcula que cerca de 22 milhões de pessoas estão infectadas com o vírus do HIV na África subsaariana, segundo dados da ONU de 2007. O total representa dois terços de todos os infectados do mundo.