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Sarney luta para superar clima de confronto no Senado

Em meio à sucessão de denúncias de irregularidades que atingiu o Senado nas últimas semanas, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), anunciou na manhã desta quarta-feira (18) a assinatura de convênio com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para elabor

A iniciativa deve ser interpretada como uma tentativa de José Sarney de sair da berlinda. A despeito da larga biografia política, que inclui a passagem pela Presidência da República na transição democrática, ele deixou-se alvejar no tiroteio deflagrado pela disputa do comando do Senado. Na prática, é como se o embate eleitoral pela presidência do Senado não tivesse terminado com a vitória de Sarney.
 


Apesar do empenho do peemedebista de dar uma resposta à sociedade sobre a sucessão de denúncias de desvios administrativos, o clima de guerra nos bastidores continua acirrado. O primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), afirmou nessa semana que a série de acusações seria resultado “das circunstâncias da derrota do PT na disputa”.
 


A declaração irritou o senador Tião Viana (PT-AC), que disputou e perdeu a eleição. Habitualmente pacato, o petista subiu à tribuna, nesta terça-feira (17), para fazer um discurso inflamado. “Exijo o respeito dos que tenham a coragem de tratar dessa questão olho a olho”, protestou, rechaçando insinuações de que estaria passando informações sobre questões administrativas do Senado aos jornalistas. Mas de atirador, Viana virou alvo. Veio à tona denúncia de que o petista emprestou celular do Senado à filha para que ela o utilizasse durante viagem ao exterior. A conta do aparelho é paga pela instituição.
 


O clima nos bastidores é tão tenso que os senadores têm passado mais tempo reclusos nos gabinetes. O ambiente conflagrado levou o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, a atravessar a rua para uma visita discreta ao líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), nesta manhã. O clima de confronto preocupa o Planalto. Há quase uma dezena de medidas provisórias anticrise esperando apreciação dos senadores e correndo o risco de caducar. Mas os conflitos internos paralisaram os trabalhos em plenário.
 


Na entrevista concedida aos jornalistas, José Sarney frisou mais de uma vez que o Senado sofrerá uma reestruturação profunda capitaneada pela FGV. Antecipou que as 136 diretorias serão reduzidas pelo menos à metade, embora 68 cargos de diretores para uma casa que abriga 81 parlamentares ainda seja um número exagerado.



Presente à coletiva, o diretor da FGV, Carlos Leal, enfatizou que a instituição dedicará empenho e agilidade ao caso. Mas ressalvou que a implantação das mudanças administrativas “dependerá de vontade política”.
 


De Brasília
Com Agência Estado