Ala petista liderada por Tarso apoia Dilma para 2010
Com estocadas na direção do PSDB e do Banco Central, a corrente petista Mensagem ao Partido – comandada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro – divulgou neste sábado (21) um manifesto no qual define a provável candidatura presidencial da ministra da Ca
Publicado 21/03/2009 15:39
Dilma é a convidada de honra do encontro, que defende “maior presença do Estado no setor financeiro”, controle do câmbio e da entrada e saída de capital estrangeiro. Na prática, além de debater a crise e a plataforma para a eleição da cúpula do PT, em novembro, o grupo de Tarso quer passar a borracha nas rusgas e deixar claro o apoio a Dilma. Em 2008, o ministro causou mal-estar no Planalto ao dizer que a escolhida pelo presidente Lula como herdeira, cristã-nova no PT, não tinha “vínculo” com o partido.
“De nossa parte, consideramos a companheira Dilma Rousseff, pelo seu papel no governo, no qual demonstra sua capacidade de governar – e com a garantia de sua trajetória de vida e de luta -, uma solução adequada para a nova vitória em 2010 e para a continuidade e aprofundamento das medidas essenciais que marcam a presidência de Lula”, destaca o texto intitulado “Uma nova mensagem para uma nova conjuntura”.
“Eu nunca fiz depoimento crítico sobre Dilma, mas, sim uma constatação”, disse Tarso. Defensor da “refundação” do PT na época do escândalo do mensalão, em 2005, ele queria concorrer à Presidência, mas, após ser preterido, mudou de plano e hoje pretende brigar pelo governo gaúcho. “O fato de Dilma não ser antiga no PT não é demérito. Já tivemos muitos antigos que saíram, outros foram para a direita e outros para casa”, emendou Tarso, alfinetando o ex-ministro José Dirceu, cassado pela Câmara.
No manifesto da ala que disputa o poder com o antigo Campo Majoritário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dirceu, os discípulos de Tarso atacam a “fúria privatizante” dos tucanos e afirmam que o PSDB pode apresentar um “programa ambíguo” para 2010.
Crise e popularidade presidencial
Durante o encontro no Rio, Dilma Dilma atribuiu à crise financeira mundial a queda de popularidade do presidente Lula e minimizou os efeitos políticos desse recuo. “Não achamos problemático ou nos preocupamos mais do que devemos com isso. Até porque, sem sombra de dúvida, há uma avaliação bastante positiva do governo”, afirmou a ministra, na chegada ao encontro.
Sob aplausos e gritos de “Olê, olá, Dilma, Dilma”, a ministra teve sua candidatura defendida pelos ministros Tarso Genro; Carlos Minc, do Meio Ambiente; e Guilherme Cassel, do Desenvolvimento Agrário. Ela centrou seu discurso nos esforços do governo para vencer a crise financeira e garantiu a continuidade da queda dos juros. “Temos hoje condições de reduzir os juros de forma significativa sem comprometer a estabilidade do País e nós vamos fazê-lo”, declarou Dilma,
antecipando-se a decisões monetárias do Banco Central.
Citada por Tarso Genro como “o nome que pode dar continuidade aos projetos que vêm sendo desenvolvidos pelo PT desde 2003”, Dilma não quis vincular uma futura campanha às pesquisas de popularidade do presidente Lula, preferindo ligar o assunto à crise econômica. “Vimos o resultado (das pesquisas)com muita naturalidade. Acho que as pesquisas sempre refletem estas variações. Não estamos preocupados com esta questão. A preocupação hoje do governo é enfrentar a crise”, afirmou.
Em uma bancada formada por deputados, prefeitos e líderes do PT, o nome de Dilma para a presidência foi por diversas vezes comparado aos das presidentes do Chile, Michelle Bachelet, e da Argentina, Cristina Kirchner. A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, primeira mulher do PT a ocupar a administração de um Estado, defendeu que “agora é hora do partido colocar uma mulher também na presidência”.
Perguntada sobre as discussões dentro do PT em relação à sua possível candidatura para as próximas eleições, Dilma disse que esta é uma questão que não é prioridade dentro do partido. “Esta é uma discussão para 2010”, desconversou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo