Boivoador: portal recifense aposta em ferramentas colaborativas
Desde 2005, um grupo de sete jovens comunicadores tem desenvolvido um portal que é mantido com base na colaboração dos visitantes. Os responsáveis pelo espaço virtual – à época, ainda estudantes – viram em uma disciplina do curso a oportunidade de dar
Publicado 21/03/2009 17:22
Segundo Bione, duas das motivações principais dos idealizadores da Boivoador foram a luta pela democratização da comunicação e a intenção de incentivar o fluxo de informações e a discussão sobre diversas áreas de conhecimento. Questões sociais, produção audiovisual e fotografia são temas recorrentes nas várias páginas, canais e cadernos do portal. Além disso, são disponibilizados trabalhos acadêmicos sobre assuntos abordados na comunidade, e recentemente foi criado um blog multimídia, que possibilita a inserção de imagens, áudios e vídeos.
Como o coletivo ainda não tem fonte financeira para manutenção da iniciativa, todos os editores e redatores que gerenciam a Boivoador são voluntários. Por isso, a comunidade é aberta, gratuitamente, a qualquer pessoa interessada no projeto, desde que comungue com alguns princípios. Eles estão detalhados na “Política de Uso”, na qual constam diretrizes editoriais, condutas proibidas e, principalmente, especificações sobre os direitos autorais. Segundo Elayne Bione, não existe nenhum tipo de autorização prévia para que o conteúdo seja inserido. “A gente só vê quando o colaborador já postou”, garante.
Antes baseado em Copyleft (nenhum direito reservado), desde setembro de 2007, a Boivoador adota a Licença Creative Commons (http://www.creativecommons.org.br), que resumidamente mantém “alguns direitos” do autor. Desde 2005, a Boivoador tem garantido ao usuário o livre-arbítrio sobre ceder ou não parte de seus direitos. Na página em que expõe a Política de Uso, a equipe destaca que as instruções não devem ser “um obstáculo à publicação dos usuários”.
Uma das principais demandas, de acordo com a coordenadora de Marketing, ainda é a expansão da quantidade de pessoas que produzem conteúdo para o portal. “A gente faz um trabalho de formiguinha. No começo, foi Recife [capital do estado]; depois, Pernambuco; agora, o Brasil”, diz, referindo-se à abrangência da visibilidade à comunidade. No entanto, grande parte dos acessos ainda é de visitantes que apenas acompanham a Boivoador, mas não produzem conteúdo. “O pessoal ainda não tem essa cultura de entrar e participar”, observa.
Esse encontro de várias vozes é o mote dos voluntários da Boivoador desde a definição do nome da comunidade virtual. Ele remete a uma tática utilizada, no século XVII, pelo invasor holandês Maurício de Nassau, que queria apresentar à população uma construção no Centro da capital de Pernambuco. Ele espalhou a informação de que faria um boi voar sobre a ponte. No dia evento, uma multidão, vinda de vários pontos da cidade, foi ao local e viu um couro de boi balançando preso a cordas, fazendo parecer que o fato havia se consumado.
“E nós queremos que você também atravesse a ponte, desta vez sem enganação”, convoca o texto de apresentação da Boivoador. A jornalista Elayne Bione diz que a ideia a ser ressaltada é a da “representação das diferenças” em um mesmo espaço. “Boivoador é uma comunidade de encontro. Todo mundo, de qualquer parte. No final, está todo mundo junto”, observa.
Atualmente, ela diz que o grupo procura alternativas para garantir a sustentabilidade financeira da Boivoador, que até hoje não recebeu nenhum recurso de publicidade. “É complicado, realmente, manter a estrutura. Não existe sede física. A gente se reúne na casa de um e de outro”, relata a jornalista. Os jornalistas tentam aprovar, junto à Prefeitura de Recife, um projeto que prevê a realização de oficinas de fotografias, cujo resultado seria publicado em um blog específico.
As matérias do projeto “Boas Ideias em Comunicação” são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
Fonte: Adital