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Lula elogia relação de Obama com AL; Chávez discorda 

O presidente Luiz Inácio Lula Silva disse na sexta-feira (20) que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é a primeira autoridade norte-americana em várias décadas que mostra sintonia com os países da América Latina.

''Sem nenhum preconceito contra ninguém, mas o Obama é o primeiro presidente eleito nos EUA em muitas décadas que parece com a gente. É a única pessoa. Se ele vai fazer o que a gente acredita que ele deva fazer, eu não sei. É a primeira pessoa com cara de gente falando humildemente, falando simples, falando de América do Sul e da América Latina'', afirmou ele, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista.



urante o encerramento do seminário Oportunidades de Comércio, Negócios e Investimentos entre Argentina e Brasil, ao lado da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, Lula voltou a dizer que reza pelo presidente norte-americano, pois boa parte da recuperação da economia mundial está vinculada à retomada do crescimento dos EUA. ''Ele sabe o tamanho da crise lá, e ele sabe também que não vai salvar a economia colocando dinheiro para banqueiro quebrado'', disse.


 


Chávez: realidade ignorada


 


Apesar das declarações do presiente brasileiro, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou que, a partir de uma mensagem que a seu pedido Lula entregou a Barack Obama, chegou à conclusão de que o chefe de Estado americano ignora a realidade da América Latina.


 
A declaração do governante venezuelano foi feita numa entrevista à rede de TV “Al Jazira” exibida hoje.



“Lula foi se reunir com Obama (em Washington) e eu aceitei que fizesse uma intermediação entre nós. Mandei-lhe uma mensagem na qual escrevi todas as declarações contra a Venezuela feitas pelas autoridades da Administração de Obama, entre elas as da sra. (secretária de Estado americana, Hillary) Clinton”, disse Chávez.



O presidente venezuelano, que não deu mais detalhes do conteúdo dessa mensagem, acrescentou que, “infelizmente, Lula saiu insatisfeito com a resposta de Obama”.



“Mediante o que li nas entrelinhas e expressões (da resposta), concluí que Obama sofre de algo que pode ser superado: a ignorância do que acontece de verdade na aqui (América Latina)”, disse Chávez.



Segundo o chefe de Estado, essa ignorância se deve ao fato de o presidente dos Estados Unidos “ainda ouvir a mesma coisa que lhe leem alguns assessores do Pentágono e da Casa Branca que serviram à Administração anterior”.



Durante a reunião com Obama no último dia 14, Lula pediu a seu colega americano uma nova relação com a América Latina, que incluísse uma aproximação com a Venezuela, a Bolívia e Cuba.



Cúpula das Américas



Nos próximos dias 17 a 19 de Abril, Lula, Chávez e diversos líderes latino-americanos voltarão a se encontrar com Obama durante a Cúpula das Américas, que ocorrerá em Trinidad Tobago.



O primeiro-ministro de Trinidad e Tobago, Patrick Manningesteve no Brasil nesta semana e conversou com o presidente Lula sobre as expectativas para a cúpula.



Segundo ele, diversos líderes presentes deverão levantar um debate sobre o fim do embargo econômico dos Estados Unidos a Cuba e a integração do país à região, já que o tema “está nos lábios de todo mundo”, disse.



“Nós não estamos procurando criar disputas em Porto de Espanha (capital do país). Nós esperamos que as coisas se movam suavemente. Nós não queremos encurralar ninguém, e queremos assegurar o avanço da causa da democracia e da integração no hemisfério ocidental”, afirmou Manning depois de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto.



“Nós não tentaremos encurralar especialmente o presidente dos Estados Unidos, que parece estar honrando muitos dos comprometimentos que fez”, acrescentou.



O primeiro-ministro de Trinidad e Tobago demonstrou otimismo com a possibilidade de Cuba vir a ser convidada para participar do evento no futuro, mas evitou dizer quando e descartou fazer um convite para a cúpula do próximo mês.



“Seria prematuro. Nós não temos esse plano neste momento”, disse.



Manning também demonstrou expectativa em acompanhar o pronunciamento de Obama para os presidentes da região.



“Parece que ele está fazendo todas as declarações certas”, comentou.



Em relação à crise financeira global, o primeiro-ministro de Trinidad e Tobago disse que certamente os líderes dos países presentes tratarão do assunto, mas ponderou que o tema não deve constar do documento final do encontro.



“A reunião dos países do G-20 em Londres no próximo mês será bem mais importante nessa matéria, então melhor esperarmos para ver o que resultará disso antes de ver como isso será endereçado na cúpula (das Américas)”, destacou.



“Vamos esperar”, disse.



Manning revelou ainda que conversou com o presidente Lula sobre as negociações de acordos bilaterais de cooperação na área de energia.



O Brasil quer importar gás natural liquefeito (GNL) de Trinidad e Tobago e os dois países estudam também fechar parcerias na área de exploração de petróleo em águas profundas e refino.



Participaram também da reunião de Lula com Manning o chanceler Celso Amorim e o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli.



Aproveitando a visita de Manning, Lula enviou ao Congresso um acordo assinado em julho de 2008 com Trinidad e Tobago com o objetivo de evitar a dupla tributação, prevenir a evasão fiscal e incentivar o comércio e os investimentos entre os dois países.



Cabe ao Congresso analisar o acordo antes de ele ser ratificado.