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Tucano-peemedebista Jarbas Vasconcellos volta a posar de vestal

Em entrevista à Terra Magazine, o senador tucano-peemedebista Jarbas Vasconcellos voltou a bater na surrada tecla udenista da “corrupção”. Ele tenta ocupar, na mídia, o lugar que já foi do histriônico Roberto Jefferson e do trêfego Fernando Gabeir

Segundo o tucano-peemedebista, há uma articulação de um grupo de “políticos” da base do governo que “faz e acontece” no Congresso Nacional, “pessoas que estariam manipulando o orçamento e outras coisas mais”.



 
Este grupo, inicialmente batizado de G-8, se expandiu e hoje é denominado G-20, segundo o senador.



 
“São pessoas da base de apoio do governo, evidentemente. De diversos partidos, não só de partidos majoritários, como PMDB e PT. São de outros partidos. O PMDB deve estar majoritário nisso porque é o maior (partido)”, afirmou.



 
Segundo o puro senador, a investigação acerca deste grupo avança mas ainda não é possível especificar os nomes e os partidos dos envolvidos.



 
É sempre assim: eles falam, acusam e provas mesmo que é bom…



 
Segundo o severo Jarbas, o G-8 — G-20 atua desde a antiga legislatura (2007) e engordou devido à impunidade.



 
Veja a entrevista:




 
O senhor poderia dar detalhes do G-8, agora G-20?
 
Jarbas Vasconcelos – Foi uma discussão que estava na terça-feira, 17, na reunião do pessoal de transparência. O pessoal estava falando da Medida Provisória 449, do “Refis (da crise”), e estavam falando lá em grupo G-8 – G-20. Seria de pessoas que estão manipulando o orçamento, fazendo outras coisas mais.



 
Por que o grupo se expandiu?
 
Porque este grupo vem de algum tempo já, e vem se consolidando. Pela questão da impunidade, que não existe punição para isso, e aí diz que esse grupo faz e acontece dentro da Câmara.



 
As eleições do PMDB às presidências do Congresso podem ter contribuído para a consolidação da corrupção?
 
Não, acho que não, porque o pessoal fala que isso vem da legislatura passada e continua na nossa legislatura e a gente está só com 45 dias da eleição deles (deputado Michel Temer e senador José Sarney, presidentes respectivamente da Câmara e do Senado). Seria um tanto exagerado dizer que as presidências das duas Casas estão facilitando a articulação deste grupo.



 
Os envolvidos estão relacionados com o governo?
 
São pessoas da base de apoio do governo, evidentemente. São pessoas que apóiam o governo, de diversos partidos, não só de partidos majoritários, como PMDB e PT. São de outros partidos. O PMDB deve estar majoritário nisso porque é o maior.



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Fica difícil entender como o senador Jarbas Vasconcellos consegue, ao mesmo tempo, denunciar a malvadeza dos “corruptos e incompetentes” e integrar um grupo infestado de corruptos e incompetentes.



 
Mas e daí?



 
Não é mesmo para entender.



 
O problema é outro.



 
O discurso conservador não é aberto porque ele causaria arrepios.



 
As palavras não estariam muito distantes da pregação ultradireitista na Europa, que defende o que lá se chama de ”limpeza social”: o extermínio dos pobres, principalmente se eles forem imigrantes.



 
A direita ainda pensa como Hipólito da Costa, que em 1808 fundou o primeiro jornal brasileiro, o Correio Brasiliense — mesmo ano da criação da imprensa no Brasil —, que dizia:



 
“Ninguém deseja mais do que nós (a elite) as reformas úteis, mas ninguém se aborrece mais do que nós que essas reformas sejam feitas pelo povo.”



 
Ou como o principal líder civil da “revolução constitucionalista” de 1932, o então dono do jornal O Estado S. Paulo, Júlio de Mesquita Filho, para quem “o império da lei e da justiça” só poderia ser restabelecido no dia em que São Paulo voltasse “à sua condição de líder insubstituível da nação”.



 
Mesquita Filho, evidentemente, estava falando de um setor de São Paulo: a elite, representada pelo Partido Democrático (o bisavô do DEM e do PSDB).



 
Fora desse mundo microscópio, para ele tudo o mais era irrelevante e atrasado.



 
”Anulada a autonomia de São Paulo (por meio da revolução liderada por Getúlio Vargas, em 1930), o Brasil se transformou num vasto deserto de homens e de idéias”, disse Mesquita Filho da sacada da redação do seu jornal durante um ato contra a revolução de 1930.



 
Mesquita Filho estava, na verdade, estimulando o sentimento bairrista da elite paulistana, que se mantêm ainda hoje, como se este ‘’ser paulista” que ele proclamou fosse algo superior aos demais brasileiros.



 
Principalmente aqueles que tomaram resolutamente o partido do povo e pagaram um alto preço pela opção que fizeram.



 
De passagem, dá para lembrar alguns precursores deste partido, como Frei Caneca — que terminou seus dias à frente de um pelotão de fuzilamento —, de Tiradentes — enforcado por defender a independência do Brasil — e de Cipriano Barata — que passou doze anos no cárcere pelo “crime” de criticar os desmandos daqueles que controlavam o Estado.



 
A lei e a ordem, para essa elite, são os seus preconceitos antidemocráticos sustentados pela ideologia dominante — cuja nascente é o regime das capitanias hereditárias.



 
“Na lei, os burgueses precisam dar-se uma expressão universal precisamente enquanto dominam como classe”, escreveu Karl Marx.



 
A lei universal dos conservadores e corruptos brasileiros, traduzida pelo pronome “nós” — todos eles adoram falar “nós”, a “sociedade brasileira”, “cidadão de bem” —, ainda trata o povo como os racistas do Sul dos Estados Unidos tratavam os negros — segundo a fina ironia do escritor George Bernard Shaw.



 
Primeiro, reduziam os negros, no mercado de trabalho, à condição de engraxates; depois, concluíam que “negro só serve mesmo para engraxar sapatos”.


 


Fonte: Blog O Outro Lado da Notícia