Mãe de vítima do caso da Providência perde outro filho durante ação da PM

Menos de um ano depois de perder o filho Marcos Paulo Campos, de 17 anos, morto após ser entregue por militares do Exército aos traficantes em junho do ano passado, no Morro da Providência, Maria de Fátima sepultou, no dia 27, o corpo de outro filho, José

José Carlos foi morto no dia 26 de manhã, durante uma incursão policial na comunidade. Segundo o depoimento de uma testemunha, policiais do 5º Batalhão da Polícia Militar (PM) chegaram à Rua do Monte, onde o rapaz foi atingido, atirando.



“Todo mundo que estava na rua correu. E ele [José Carlos] estava passando na hora, correu, viu uma porta aberta e entrou. Nisso, já tinha um policial lá dentro e começou a atirar. Nem deu chance dele falar que era pai de família, trabalhador, não teve chance de nada”, relatou a testemunha, em depoimento na Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Rio de Janeiro (OAB/RJ).



Segundo denúncia recebida pela Comissão da OAB/RJ assim como o irmão, José Carlos foi executado desarmado e sem chance de defesa.



De acordo com a denúncia, a mãe e outra senhora que quiseram ver o rapaz foram brutalmente agredidas na cabeça e no corpo por socos e pontapés dos policiais, que arrastaram o corpo e o jogaram dentro da patrulha Blazer 05-77, deixando-o no Hospital Souza Aguiar com outro nome e documentos, pertencentes a um traficante da área, Jorge da Conceição Oliveira, o JG.



Segundo a presidente da Comissão dos Direitos Humanos da OAB-RJ, Margarida Pressburger, o crime pode estar relacionado com o assassinato dos três jovens do Morro da Providência no ano passado. Margarida não acredita que seja “mera coincidência” e diz que os fatos podem estar relacionados.



“Pelo que estamos sabendo, que conseguimos colher na comunidade com algumas testemunhas, essa família vem sendo ameaçada há algum tempo”, afirmou Margarida, que pretende procurar o secretário especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vannuchi, para garantir proteção às testemunhas.


Com informações da Agência Brasil