Cúpula do G-20 deverá consagrar emergência da China
A cúpula do G-20, na próxima quinta-feira, em Londres, deverá consagrar a emergência da China como uma das grandes potências econômicas do planeta e atribuir-lhe um maior papel no sistema financeiro internacional. Embora seja já a terceira maior econom
Publicado 31/03/2009 12:09
Não é o único anacronismo da ordem internacional herdada da Segunda Guerra Mundial (1939-45), mas tornou-se especialmente flagrante nas últimas duas décadas, quando a China se tornou “a fabrica do mundo” e acumulou as maiores reservas em divisas do planeta, no valor de quase US$ 2 bilhões.
A China é, também, o maior credor dos Estados Unidos, com uma carteira de títulos de tesouro norte-americano de cerca de US$ 740 milhões, e já manifestou disponibilidade para comprar títulos do FMI se esta instituição decidir emiti-los. “A comunidade internacional deve reconhecer que a tendência para a globalização econômica é irreversível e deve dar passos críveis para rejeitar todas as formas de protecionismo comercial ou de investimento”, escreveu o vice-primeiro-chinês Wang Qishan, em um artigo publicado na semana passada em um jornal de Londres.
Palavras mais fortes
Um comentário divulgado pela imprensa chinesa salienta que “na era da globalização todos os países são estreitamente interdependentes” e “os pacotes de estímulo econômico são mais efetivos se aplicados internacionalmente”. Na cúpula de Londres, a China reafirmará também a importância dos países em vias desenvolvimento na solução da crise econômica global.
O artigo de Wang Qishan tinha um título sugestivo: “O G-20 deve olhar para lá das necessidades do G-20″. “A China acredita que o mundo em vias de desenvolvimento deve ter uma palavra mais forte na forma como o sistema financeiro internacional é gerido”, disse o vice-primeiro-ministro chinês. A cúpula de Londres, que proporcionará também o primeiro encontro do presidente chinês, Hu Juntao, com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, é a segunda do gênero em apenas cinco meses.
Crise, em chinês
Constituído há uma década ao nível dos ministros das Finanças, o Grupo dos 20 (G-20) reúne os sete países mais industrializados (EUA, Canadá, Japão, Reino Unido, França, Itália e Alemanha), a União Europeia e doze outras grandes economias, entre as quais a China, Índia, Rússia e Brasil. África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Coreia do Sul, Indonésia, México e Turquia completam a lista.
Segundo a previsão do Banco Mundial, a economia chinesa deverá crescer 6,5 por cento em 2009 — valor mais baixo dos últimos 19 anos, mas cerca de oito pontos acima da média mundial. O governo preconiza um crescimento superior, de “cerca de 8 por cento”. Crise, em chinês, diz-se “Wei Ji”, dois caracteres que significam, respectivamente, perigo e oportunidade, e é assim, também, que a China encara a atual situação.
Com agências