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Farc aceitam acordo humanitário; polícia colombiana recusa

Em carta dirigida à senadora Piedad Córdoba, integrante do movimento Colombianas e Colombianos pela Paz, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) aceitaram iniciar um processo de acordo humanitário. A guerrilha ressalta que a recente libert

“Colombianas e Colombianos pela Paz está fazendo renascer a esperança de um país que sente no fundo de seu ser nacional que nosso destino histórico não pode ser a guerra civil nem tampouco a submissão indefinida a um regime corrupto e injusto, eminentemente militarista, guardião de interesses políticos e econômicos de uma minoria oligárquica e de uma elite privilegiada, antidemocrática, excludente socialmente, surda às angústias das maiorias nacionais e insensível ante os reclamos e as necessidades da gente humilde”, afirmaram as Farc.

No documento, a guerrilha reitera sua vontade pelo intercâmbio de prisioneiros de guerra e sua disposição de não fazer do lugar de diálogo um obstáculo sem salvação, privilegiando a liberdade dos prisioneiros em poder das partes em conflito. Para isso, solicitaram garantias efetivas a seus porta-vozes, consignadas em protocolos acordados com a guerrilha, que definam condições de modo, tempo e lugar, e publicadas com antecipação suficiente. “Faz-se necessário que, além do acompanhamento do CPP, também exista uma observação da comunidade internacional”, solicitam.

Sobre as retenções econômicas, as Farc afirmam que o governo, em sua luta contrainsurgente, incentiva uma versão mentirosa sobre a quantidade de reféns: “As cifras oficiais insistem, através de uma campanha repetitiva, que as Farc teriam em seu poder mais de 3.800 retidos por razões econômicas. Consultamos todas as nossas estruturas político-militares espalhadas pelo território nacional e podemos informar que atualmente, sob a responsabilidade das Farc-EP, só existem 9 retidos por conceito da lei 002”.

A guerrilha comunica ainda que está analisando as propostas da senadora Piedad Córdoba, que buscam dinamizar o processo, e anuncia o compromisso de enviar, quando tiverem condições propícias, provas de sobrevivência dos 20 militares e policiais prisioneiros a seus familiares. No texto, divulgado pela Agência de Notícias Nova Colômbia (Anncol), a guerrilha afirma estar disposta a promover uma troca de 22 reféns por 500 rebeldes presos, e abdica da exigência, feita até agora, de que a operação ocorra em uma área desmilitarizada de 780 quilômetros quadrados no departamento (estado) de Valle del Cauca, sudoeste do país.

Além disso, informaram que vão entregar os restos mortais do major da polícia Julián Ernesto Guevara a sua mãe em data e lugar que indicarão mais adiante. Pedem também que o governo entregue os cadáveres dos comandantes da guerrilha Raúl Reyes e Ivan Ríos a seus familiares.

Resposta

Ontem mesmo, dia em que o documento das Farc foi divulgado, o diretor da polícia da Colômbia, general Oscar Naranjo, disse que “não há nada a ser trocado”. Sobre o pedido da guerrilha pela devolução dos restos mortais de Reyes e Rios, Naranjo afirmou poder “certificar” que o corpo de Reyes, morto em um ataque realizado no dia 1º de março de 2008 em território equatoriano, já foi entregue a seus familiares.

A Colombianos pela Paz anunciou que pretende se reunir com o comissário para a paz do governo, Frank Pearl, a fim de definir a logística da operação em que as Farc poderão entregar o corpo de Julián Guevara.

No último domingo, a Cruz Vermelha manifestou a intenção de cooperar. Por meio de seu porta-voz em Bogotá, Yves Heller, o comitê afirmou que está “disposto, como organização neutra, a participar de qualquer ação humanitária em relação ao conflito armado” colombiano.

Fonte: Adital e Ansa