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Fujimori volta a dizer que é inocente

O ex-presidente do Peru Alberto Fujimori voltou a dizer, nesta quarta-feira, que é inocente ao depor pela penúltima vez no processo pelo qual é julgado por violações dos direitos humanos cometidas no período em que governou o país, entre 1990 e 2000.

Pronunciando-se diante da Corte Suprema de Justiça do Peru, o ex-mandatário alegou que nenhuma das evidências conhecidas até hoje, em todas as 159 audiências de seu processo, que já dura um ano e três meses, foi suficiente para incriminá-lo. 

Aos 70 anos e com a saúde debilitada, ele disse sentir-se “fortalecido” pela fragilidade das provas, e afirmou ter devolvido a paz aos peruanos durante sua administração, quando o país vivia sob ataques de grupos terroristas. 

“Estou confiante, porque me acusam por algo que a história reconhecerá”, afirmou. “As palavras das testemunhas reforçam o que sempre manifestei. Ninguém pôde apresentar nenhuma prova porque sou inocente”, complementou.

Ao longo de sua intervenção, declarou que, durante seu mandato, estabeleceu uma conexão direta do governo com o povo, e posteriormente com as forças armadas”, o que classificou como sendo “um só coração na luta contra o terrorismo”.

Ao defender seu governo, o ex-presidente disse que assumiu o poder em meio a um “inferno” e que suas ações permitiram à população “pensar no futuro”. Segundo ele, no início dos anos 90, o país estava “no fundo do abismo e precisava ser resgatado”. 

“O Peru havia se convertido em um país pária, não tinha acesso a crédito e estava quebrado. Ninguém nos dava um centavo e não podíamos comprar armamento ou máquinas. Também não havia recursos suficientes para combater o terrorismo. Foi este o Peru que recebi quando assumi a presidência, em 1990”, argumentou. 

O processo contra Fujimori teve início no dia 10 de dezembro de 2007, três meses depois de sua extradição do Chile. 

O Ministério Público pede 30 anos de prisão para o ex-presidente, atribuindo a ele a autoria intelectual das chacinas de Barrios Altos e da Universidade La Cantuta, ocorridas em novembro de 1991 e julho de 1992, respectivamente, e que deixaram 25 mortos. 

Além disso, o político é considerado responsável pelos sequestros do jornalista Gustavo Gorriti e do empresário Samuel Dyer. 

A Justiça considera que Fujimori criou um aparato de poder que promoveu duas estratégias paralelas de luta contra grupos subversivos, uma oficial e outra clandestina — esta última teria se baseado em uma guerra suja, com violações dos direitos humanos. 

Quando Fujimori foi eleito, o Peru vivia uma grave crise econômica e observava o auge da guerrilha Sendero Luminoso. Estima-se que 69 mil pessoas tenham morrido ou desaparecido durante o conflito armado vivido pelo Peru durante 20 anos.

O ex-mandatário voltará a depor na sexta-feira, e o veredito deve sair ainda no mês de abril.

Fonte: Ansa